Os serviços sociais e a Procuradoria para menores da cidade italiana de Bolonha tiraram a guarda de uma adolescente de 14 anos e suas duas irmãs da família nesta sexta-feira (31) após a escola denunciar que a mãe dela raspou à força o cabelo da jovem. Tudo começou nesta quinta-feira (30), quando a menina contou aos amigos e aos professores porque estava com os cabelos raspados.
Segundo a jovem, a mãe passou a máquina no cabelo dela porque se negava a usar o véu islâmico enquanto estava longe dos pais. Após o relato, a diretoria da escola da cidade da Itália denunciou os responsáveis da menina à polícia e tanto a jovem como suas irmãs foram afastadas do convívio da família.
Ainda na quinta-feira, tanto o pai como a mãe foram notificados pela Justiça italiana por maus tratos e violência psicológica, já que a jovem afirmou que eles nunca a agrediram fisicamente. Também as duas irmãs, que são mais velhas que a adolescente, relataram que fora proibidas de sair de casa desacompanhadas ou de ter contato com qualquer homem que não fosse o pai.
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Ato inválido
A família é proveniente de Bangladesh, mas há anos mora na Itália. De acordo com a escola, a adolescente possui boas médias e sempre foi uma boa aluna. Para o coordenador da comunidade islâmica de Bolonha, Yassine Lafram, não há nada de religioso no ato cometido pela mãe da adolescente. "Para a tradição islâmica, qualquer forma de imposição torna o ato inválido", disse Lafram.
O coordenador informou que todas as "regras" do Islã, desde o jejum do Ramadã até fazer a peregrinação em Meca "entram por uma liberdade de escolha da pessoa, ninguém pode impor, religiosamente falando".
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"Aqui, nós estamos fora do religioso. É um fato que é enquadrado em um código cultural particular e errado. É preciso ajudar os familiares, incluindo a mãe dela, para entender o que há em fazer esse gesto. É muito fácil condená-la e massacrá-la na mídia", disse ainda o coordenador da comunidade islâmica de Bolonha, na Itália, ressaltando que "como pai, devo orientar meus filhos, mas não tenho o dever de obrigá-los".
* Com informações e reportagem da Ansa