Em uma declaração conjunta, os 27 países remanescentes na União Europeia disseram lamentar a saída do Reino Unido do bloco, mas garantiram estar prontos para o processo de rompimento.
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"Para a União Europeia , o primeiro passo será a adoção, por parte do Conselho Europeu, das diretrizes para as negociações", afirma o comunicado. "No futuro, esperamos ter a Grã-Bretanha como parceira", acrescenta o documento.
Nesta quarta-feira, o Reino Unido entregou a carta em que notifica o bloco sobre o acionamento do artigo 50 do Tratado de Lisboa, iniciando, portanto, o processo do Brexit. A entrega da carta aconteceu às 13h30 no horário local (8h30, no horário de Brasília).
O processo do Brexit só terminará depois de pelo menos dois anos de negociação do Reino Unido com o grupo. O processo encerra 40 anos de união e representa um difícil divórcio, visto que esse é o primeiro país que pede para deixar o bloco.
A carta, que contém oito páginas, foi assinada pela primeira-ministra britânica Theresa May e lida por ela, na manhã desta quarta, no Parlamento de Londres.
"Agora é o momento de nos reunirmos para estar juntos em toda essa Casa e em todo o país, para garantirmos que iremos trabalhamos para o melhor acordo possível para o Reino Unido e o melhor futuro possível para todos nós", disse May no Parlamento.
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May disse também que o país sairá do grupo por "vontade do povo". "É um momento histórico, não vamos voltar atrás", declarou a chefe de governo. Ela ainda acrescentou que "dias melhores" estão por vir e que pretende continuar colaborando com a UE. "Escolhi acreditar no Reino Unido", afirmou May, ressaltando que o "Brexit" é uma oportunidade para transformar o país em uma grande nação "global".
A carta foi entregue pelo embaixador britânico na União Europeia, Tim Barrow, ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Tusk rebateu o otimismo de May e afirmou que não há razões para acreditar que esta quarta seja um "dia feliz".
"A primeira prioridade será minimizar as incertezas provocadas pela decisão do Reino Unido entre nossos cidadãos, as empresas e os Estados-membros", afirmou o polonês, pouco depois de ter recebido a carta britânica.
O presidente da França, François Hollande, afirmou que a saída do Reino Unido da União Europeia será "dolorosa para os britânicos". "Mas é uma escolha que obriga a Europa a progredir", acrescentou.
Afastamento do Reino Unido
O Reino Unido surpreendeu o mundo ao decidir, em um plebiscito realizado no dia 23 de junho de 2016, sair do bloco.
O resultado do plebiscito revelou uma profunda divisão no país. O Brexit (palavra criada pela fusão de "Britain" e "exit", ou saída da Grã-Bretanha) recebeu 51,9% dos votos contra 48,1% pela permanência na UE. O interior da Inglaterra e o País de Gales apoiaram majoritariamente a saída da UE, enquanto Londres, Escócia e Irlanda do Norte optaram pela permanência.
No segundo semestre de 2016, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que considera a decisão do Reino Unido de deixar o grupo "irrevogável", mesmo que lamente o fato.
"Agora nós temos que negociar a base de nossos interesses. E 'negociar', acima de tudo, significa o fortalecimento dos interesses em comum", assegurou a chanceler. Merkel ainda disse que o afastamento é um teste para a União Europeia e que a aliança oferece a seus membros "uma voz forte no mundo", algo que os países individualmente não teriam.
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Michael Roth, ministro do governo britânico responsável pelas relações diplomáticas com a União Europeia, assegurou que as relações diplomáticas com o bloco requer o estudo de soluções, mas frisou que o Reino Unido não poderá escolher, minuciosamente, seus termos do acordo.
* Com informações da Agência Ansa.