A tensão entre os governos de Merkel e Erdogan cresceu especialmente depois da prisão de um jornalista em Istambul
Divulgação/Christlich Demokratische Union Deutschlands
A tensão entre os governos de Merkel e Erdogan cresceu especialmente depois da prisão de um jornalista em Istambul

A acusação do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de que o governo alemão continua atuando de maneira nazista  na última semana foi respondida pela chanceler do país europeu, Angela Merkel, nesta quinta-feira (9), que afirmou que “insinuações deste tipo não serão toleradas e que precisam acabar”.

Durante um discurso forte no Parlamento da Alemanha, Angela Merkel afirmou que os comentários feitos por Erdogan e outros oficiais turcos a incomodam “porque comparações com o Nazismo sempre levam à miséria, à banalização dos crimes contra a humanidade cometidos pelo nacional-socialismo [de Hitler]”.

A chanceler descreveu os comentários do mandatário turco como sendo “injustificáveis” e “mal colocados”, também alertando sobre os perigos do rompimento de relações com a Turquia. “Não vamos permitir que as vítimas dos nazistas sejam banalizadas. Estas comparações devem acabar”, defendeu.

Erdogan acusou o país europeu de agir como nazistas na última semana, depois de diversas cidades alemãs cancelarem comícios em que ministros turcos participariam a fim de defender um referendo que será realizado no dia 16 de abril, quando os cidadãos turcos devem votar a favor ou contra a alteração na Constituição do país, instaurando o regime presidencialista. A mudança foi sugerida pelo mandatário turco, que ganharia mais poder e força do que tem hoje.

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Segundo as autoridades da Alemanha, tais comícios agregariam uma multidão, o que seria um risco para a segurança pública. Pelo menos 1,4 milhão de turcos vive em território alemão – e deve votar pelo referendo realizado em sua terra natal.

Apelando aos cidadãos da Turquia que vivem em território alemão, Merkel disse: “vocês são parte de nosso país. Vocês contribuem para o bem-estar da nação. Nós queremos fazer tudo para que tenhamos certeza de que os conflitos domésticos turcos não sejam trazidos para nossa coexistência. Isso é uma questão que nos concerne de coração”, disse.

O primeiro-ministro da Turquia falou publicamente sobre a questão do referendo e o veto dos comícios em território alemão recentemente, contudo não voltou a repetir a comparação de Erdogan com o nazismo. Ele disse que a possibilidade das pessoas votarem pelo “sim” parece incomodar a Alemanha, e que a interferência neste assunto é “muito errada”.

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A tensão entre os governos de Angela Merkel e Recep Erdogan cresceu especialmente depois da prisão de um jornalista da Alemanha na cidade de Istambul, incidente que foi bastante criticado pela chanceler. O jornalista Deniz Yücel foi acusado de ser um “espião alemão” infiltrado no partido rebelde turco PKK.

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