No Dia da Mulher, saiba quem são as 17 Nobel da Paz. Malala, Madre Teresa e Jody Williams estão na história mundial
iG São Paulo
No Dia da Mulher, saiba quem são as 17 Nobel da Paz. Malala, Madre Teresa e Jody Williams estão na história mundial

Das 130 premiações do Nobel da Paz que já foram entregues desde 1901 – quando o prêmio foi criado – apenas 17 foram entregues a mulheres, ou seja 13%. O dado é mais um indicativo sobre o pouco reconhecimento das personalidades femininas na história mundial.

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Segundo a historiadora e pesquisadora em história mundial das mulheres e estudos de gênero pela Universidade de Brasília (UnB), Ana Vitória Sampaio, o número baixíssimo de prêmios entregues a mulheres só pode ser explicado por meio da naturalização do sexismo.

“A história das mulheres já nos mostrou que elas não estiveram ausentes do mundo da ciência, das artes, da tecnologia, da política e até mesmo das guerras. No caso do humanitarismo, a presença de mulheres foi maior ainda, já que elas se lançaram, sem o menor temor, como voluntárias em guerras, zonas de conflito e países arrasados pela miséria, pela fome e pela doença”, explica a pesquisadora.

O Prêmio Nobel da Paz foi criado pelo inventor sueco, Alfred Nobel, no fim do século 19, sendo que a primeira premiação foi feita no ano de 1901, no início do século 20. As categorias originais eram física, química, fisiologia/medicina, literatura e paz. Desde então, o Nobel da Paz já foi concedido 97 vezes a indivíduos e organizações.

Além dos 17 prêmios entregues a mulheres, 88 prêmios foram dados a homens e outros 26 a organizações. Além disso, a maioria delas dividiu o prêmio com outras pessoas. Saiba quem são as mulheres homenageadas com o Nobel da Paz:

1905 – Baronesa Bertha Sophie Felicita von Suttner (nome de solteira: Condessa Kinsky von Chinic und Tettau)

Escritora, pacifista e compositora, Bertha nasceu em Praga, no então império austro-húngaro, hoje conhecido como República Tcheca. Ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1905 como escritora e presidente honorária do Gabinete Internacional Permanente para a Paz.

Bertha era amiga de Alfred Nobel, depois de ter virado sua secretária em 1875 por um breve período. A baronesa dedicou a vida à luta pela a paz. Ela escreveu o livro Lay Down Your Arms (Abaixe Suas Armas), que influenciou Albert Nobel a criar um prêmio anual para honrar pessoas que se dedicassem a atingir a paz. Ela se tornou a primeira mulher a receber o prêmio.

1931 – Jane Addams (em conjunto com Nicholas Murray Butler)

A segunda mulher a vencer o Prêmio Nobel da Paz fundou o Women’s International League for Peace and Freedom (Liga Internacional das Mulheres para a Paz e a Liberdade) em 1919. Jane Adams foi assistente social, filósofa, feminista, pacifista e reformadora estadunidense. Ela lutou por muitos anos pela pacificação e o desarmamento das grandes potências mundiais.

Nos Estados Unidos (EUA), Jane Addams trabalhou para ajudar os pobres e acabar com o trabalho infantil. Em Chicago, administrou um centro que acolhia refugiados.

1946 – Emily Greene Balch (em conjunto com John Raleigh Mott)

A próxima vencedora do Nobel da Paz veio somente 15 anos depois, quando Emily Greene Balch ganhou o prêmio por ter dedicado a vida ao desarmamento e à paz. Os EUA, no entanto, apesar do prêmio, continuaram tachando Emily de radical.

Formada em sociologia, Emily Balch estudou as condições de vida de trabalhadores, imigrantes, minorias e mulheres. Durante a 1ª Guerra Mundial, trabalhou com a vencedora do Nobel de 1931, Jane Addams, para persuadir líderes de nações neutras a intervir pela paz. 

1976 – Betty Williams e Mairead Corrigan

Em 1976, Betty Williams presenciou o assassinato de três crianças inocentes em Belfast. Após a tragédia, ela decidiu protestar contra o uso de violência entre católicos e protestantes na Irlanda.

Ela se juntou à tia das crianças mortas, Mairead Corrigan. Juntas, fundaram o Community of Peace People (Comunidade de Pessoas da Paz). Mesmo com o fim do movimento pela paz no Norte da Irlanda, Mairead Corrigan continuou trabalhando pela paz.

1979- Madre Teresa de Calcutá

A religiosa nasceu em uma comunidade albanesa no Sul da antiga Iugoslávia. Ordenou-se freira na Índia e, em 1946, decidiu abandonar o convento e viver para os pobres. Sua atuação como missionária em Calcutá, na Índia, lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

Madre Teresa de Calcutá morreu em setembro de 1997 – seis anos antes de ser beatificada pelo papa João Paulo II. Conhecida em vida como "a santa das sarjetas", Madre Teresa foi transformada em santa pela Igreja Católica 19 anos após sua morte, quando o papa Francisco a declarou santa em 2016.

1982 – Alva Myrdal (em conjunto com Alfonso García Robles)

A sueca Myrdal ganhou o prêmio pelo trabalho em prol do desarmamento e do controle de armas. Representou o seu país em várias instituições, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e foi embaixadora da Suécia na Índia. Em 1962, entrou no Parlamento da Suécia e foi enviada como delegada à Conferência sobre Desarmamento em Genebra, função que desempenhou até 1973.

Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1982, juntamente com o diplomata mexicano Alfonso García Robles, pela defesa do desarmamento nuclear. Era casada com Ginnar Myrdall, também Prêmio Nobel, mas da economia em 1974, com quem desenvolveu trabalhos relacionados com a segurança social.

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1991 – Aung San Suu Kyi

Filha de Aung San, o herói nacional da independência da Birmânia (Mianmar), Aung San Suu Kyi é uma política de oposição, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, criadora e secretária-geral da Liga Nacional pela Democracia (LND) na Birmânia.

Ganhou o Nobel “pela sua luta pacífica por democracia e direitos humanos”. Inspirada por Mahatma Gandhi, ela se opôs a qualquer uso de violência e pediu que o governo militar entregasse o poder a um civil em seu país.

1992 – Rigoberta Menchú Tum

Nascida na Guatemala, com origem indígena, Rigoberta Menchú Tum recebeu o Nobel da Paz em 1992, “em reconhecimento pelo trabalho por justiça social e reconciliação étnico-cultural, baseada no respeito pelos direitos das pessoas indígenas”. Ela foi criada em um país marcado pela violência, e alguns membros de sua família foram mortos pelo Exército.

Rigoberta foi ainda embaixadora da Boa-Vontade da Unesco e vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional. Sua premiação coincidiu com o quinto centenário da chegada de Cristóvão Colombo à América e com a declaração de 1993 como Ano Internacional dos Povos Indígenas.

1997 – Jody Williams (em conjunto com a ICBL – International Campaign to Ban Landmines)

A americana Jody Williams foi premiada com o Nobel da Paz em 1997, dividido com a Campanha Internacional para a Eliminação de Minas (ICBL), pelo trabalho em defesa da proibição do uso de minas antipessoais e sua remoção.

Quando ainda era estudante, nos anos 1980, envolveu-se com trabalho humanitário com vítimas da guerra em El Salvador. A partir de 1991, dedicou-se à luta contra minas terrestres, que representavam perigo constante para os civis.

2003 – Shirin Ebadi

Shirin Ebadi foi a primeira mulher a se tornar juíza no Irã. Após a revolução de Khomeini em 1979, ela foi demitida e abriu um escritório de advocacia para defender pessoas que estavam sendo perseguidas pelas autoridades. No ano 2000, foi presa por ter criticado a hierocracia do país.

Na escolha de Ebadi, o Comitê do Nobel manifestou o desejo de reduzir as tensões entre os mundos islâmico e ocidental após o ataque terrorista aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Ao mesmo tempo, o comitê desejou estender uma mão ao movimento de reforma iraniano.

2004 – Wangari Muta Maathai

A queniana Wangari Muta Maathai foi professora e ativista política do meio ambiente. Primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, ela venceu “pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz”.

Maathai fundou o Green Belt Movement, uma organização não governamental ambiental voltada à plantação de árvores, conservação ambiental, e direitos das mulheres. Maathai foi eleita membro do Parlamento queniano e era ministra dos Recursos Ambientais e Naturais no governo do presidente Mwai Kibaki, de 2003 a 2005. Além disso, era conselheira honorária do World Future Council. Em 2011, Maathai morreu de câncer de ovário.

2011 – Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakel Karman

O prêmio foi para as liberianas Ellen Johnson-Sirleaf, presidente do país africano, Leymah Gbowee, ativista pelos direitos das mulheres africanas, e a opositora iemenita Tawakel Karman. Após a decisão, o primeiro-ministro da Noruega declarou: “Este prêmio é uma homenagem a todas as mulheres do mundo e seu papel nos processos de paz e reconciliação”.

A economista formada em Harvard, Ellen Johnson-Sirleaf foi a primeira mulher a ser democraticamente eleita presidente da Libéria. Ela trabalhou para promover a paz, a reconciliação e o desenvolvimento econômico e social em seu país.

Leymah Gbowee trabalhou em prol de pessoas traumatizadas pela guerra civil, especialmente crianças que eram recrutadas como soldados. Ela liderou um movimento de mulheres pela paz que ajudou a acabar com a guerra civil na Libéria.

No Iêmen, a jornalista Tawakel Karman liderou um grupo, por ela fundado, chamado “Mulheres Jornalistas Sem Correntes”. Lutou pela democracia e direitos humanos. Foi presa e teve sua vida ameaçada diversas vezes no país.

Elas foram premiadas “pela luta não violenta para a segurança das mulheres e o direito de participarem integralmente de trabalhos pela paz.

2014 – Malala Yousafzai (com Kailash Satyarthi)

A paquistanesa Malala Yousafzai dividiu o prêmio Nobel em 2014 com o ativista indiano Kailash Satyarthi. Os dois foram premiados “pela luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação”. Com 17 anos, Malala Yousafzai tornou-se a pessoa mais jovem a receber o prêmio.

A jovem se tornou conhecida em 2012, após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola. O ataque ocorreu no dia 9 de outubro daquele ano. Malala seguia em um ônibus escolar. Seu crime foi se destacar entre as mulheres e lutar pela educação das meninas e adolescentes no Paquistão. O país é dominado pelos talibãs, que são contra a educação das mulheres.

2015 – Wided Bouchamaoui (Membro do Quarteto do Diálogo Nacional da Tunísia)

Wided Bouchamaoui foi a primeira mulher presidente da confederação tunisiana, Tunisian Confederation of Industry, Trade and Handicrafts (Utica). Em 2013, Bouchamaoui, acompanhada dos chefes de mais três organizações da sociedade civil, formaram o Quarteto do Diálogo Nacional da Tunísia. A esperança do grupo era combater as crescentes tensões no país.

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Pelo trabalho desenvolvido, o júri do Nobel concedeu o prêmio às quatro organizações da sociedade civil que patrocinaram uma solução negociada para a aguda crise política que vivia a Tunísia em 2013 e ameaçava acabar com o processo de transição, iniciado após a primavera árabe em 2011, episódio marcante na história mundial. 

* Com informações da Agência Brasil.

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