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Sharon Bialek é a primeira a afirmar publicamente que foi assediada pelo pré-candidato ao pedir seu emprego de volta em 1997

Uma quarta mulher acusou nesta segunda-feira o candidato às primárias republicanas Herman Cain de assédio sexual . Tornando-se a primeira a falar publicamente sobre o assunto, Sharon Bialek deu uma entrevista coletiva nesta tarde em Nova York ao lado de sua advogada, Gloria Allred.

Leia também: Cain acusa Perry de orquestrar campanha de difamação

Sharon Bialek participa de coletiva para acusar Herman Cain de assédio sexual
AFP
Sharon Bialek participa de coletiva para acusar Herman Cain de assédio sexual

Sharon, de Chicago, disse que se encontrou com o agora pré-candidato republicano em julho de 1997 para pedir seu antigo emprego de volta na Associação Nacional de Restaurantes (NRA, sigla em inglês), presidida por Cain. Na ocasião, ele teria passado a mão em sua perna por debaixo de sua saia e puxado a cabeça dela em direção à sua virilha. Quando ela perguntou o que ele estava fazendo, Cain teria dito: "Você quer um emprego, certo?"

Ela disse que conheceu Cain pela primeira vez durante um jantar na convenção anual da associação. Sharon, que diz ser republicana, afirmou que ele foi "caloroso e atencioso" com ela e seu namorado. Um mês depois, segundo ela, foi demitida do cargo de gerência na fundação educacional da associação e seu namorado teria sugerido que ela contatasse Cain para ajudá-la a procurar um emprego.

Assim que Sharon deu suas declarações, a campanha de Cain emitiu um comunicado: "Todas as alegações de assédio sexual contra Cain são falsas."

Além de Sharon, uma das outras mulheres que acusaram o pré-candidato de assédio sexual manteve a denúncia na sexta-feira, porém sem dar mais detalhes , aquecendo o escândalo que ameaça o espaço do empresário negro na corrida para a Casa Branca.

Cain, que lidera as pesquisas ao lado de Mitt Romney, afirma que é inocente da acusação de assédio sexual, que teria ocorrido quando era presidente da NRA, entre 1996 e 1999.

O republicano se disse farto de responder perguntas sobre as alegações de assédio sexual feitas por essas quatro mulheres. Apesar disso, seu porta-voz, J.D. Gordon, disse que a campanha ainda tinha mais declarações a fazer sobre o caso. "Cain disse nos últimos dois dias em eventos públicos que outras alegações sem embasamento feitas contra ele iriam aparecer enquanto essa campanha de difamações continuarem", disse.

O advogado dessa segunda mulher disse em entrevista coletiva que sua cliente mantinha a denúncia que fez sobre o assédio sexual há 12 anos. "Em 1999, fui contratado por uma funcionária da Associação Nacional de Restaurantes devido (...) a vários comportamentos impróprios do diretor", revelou o advogado Joel Benett.

O advogado explicou que a mulher, casada há 26 anos, resolveu o assunto com "um acordo financeiro", que segundo o site de notícias Politico foi de US$ 45 mil. "Minha cliente e seu marido não querem revisar este assunto agora ou discutir mais sobre ele, seja em público ou em particular, já que seria extremamente doloroso fazê-lo (...) mas Cain tem conhecimento destes incidentes específicos, que fazem parte de uma denúncia escrita em 1999 contra ele...".

O site Politico divulgou a história no domingo passado, e a princípio Cain negou o caso, mas finalmente admitiu ter feito acordos indiretos. Duas das mulheres receberam pagamentos do grupo que as impedem de falar sobre o assunto.

Herman Cain, único negro entre os oito candidatos republicanos, garantiu no início da semana que "jamais agrediu alguém sexualmente" e que se trata de "uma campanha de difamação" visando derrubá-lo nas primárias. Ele acusou o rival Rick Perry de estar por trás do escândalo.

“Encontramos uma conexão entre as acusações e a campanha de Perry, que orquestrou tudo isso para me desqualificar e nos desacelerar”, afirmou Cain, em uma mensagem telefônica para os eleitores. A campanha do governador do Texas negou as acusações de Cain.

Eleições

Enquanto a maioria dos republicanos estão, silenciosamente, comemorando o escândalo envolvendo Herman Cain, um líder inesperado na corrida pela candidatura rival ao democrata Barack Obama à presidência americana em 2012 , outros estão infelizes com a atenção desviada ao empresário a menos de dois meses das primárias.

Mitt Romney, favorito entre os republicanos, teve problemas em ganhar atenção enquanto dava seu discurso em Washington na sexta-feira sobre cortes de gastos de governo e o sistema de saúde. Todos os holofotes se voltaram à coletiva de Joel Bennet, advogado de uma das supostas vítimas.

Apesar da atenção negativa, uma pesquisa divulgada na semana passada indica que Cain permanece em uma forte posição na corrida pela indicação republicana.

A pesquisa do Washington Post-ABC News mostrou Cain e Mitt Romney quase empatados a frente dos outros pré-candidatos, com a maioria dos republicanos subestimando as denúncias contra Cain. Sete de dez republicanos dizem que as alegações não importar na escolha de um candidato.

Com AP e AFP