A expressão ebulição global foi usada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, durante um discurso sobre a urgência de ações para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, feito em julho deste ano, enquanto anunciava que aquele mês foi o mais quente da história da humanidade.
Julho de 2023 bateu recordes alarmantes: teve o período de três semanas mais quentes já registradas; os três dias mais quentes da história; e as temperaturas oceânicas mais altas de todos os tempos para aquela época do ano.
Diferença entre aquecimento e ebulição global
Aquecimento global é o termo que define o aumento da temperatura do planeta e seu principal causador é o aumento das emissões de gases do efeito estufa.
Um dos grandes responsáveis por esse aumento é a queima de combustíveis fósseis como o petróleo. A saída defendida pela ONU e por especialistas em mudanças climáticas é a troca do petróleo por fontes renováveis de energia, como solar e eólica, por exemplo. O grande impasse é a questão econômica, pois a exportação de petróleo é extremamente lucrativa para países com grandes reservas.
Acontece que já passamos da fase em que o planeta está aquecendo. As temperaturas já subiram e por isso o Secretário-Geral da ONU usou a expressão ebulição global.
Na última sexta-feira (17), o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), registrou pela primeira vez, a média global de temperatura maior que 2°C, com exatos 2,07ºC acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência ligada à ONU, alertou em suas redes sociais que a marca envia um aviso para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28) que acontece entre 30 de novembro e 12 de dezembro, sobre a urgência de ação climática e a necessidade de um comprometimento com o Acordo de Paris, que tem como objetivo limitar em até 1,5ºC o aumento da temperatura até 2030.
Temperaturas extremas
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde o início de 2023 até agora, o país registrou oito eventos de onda de calor e com o El Niño, pode haver outros até o fim de dezembro.
As mudanças bruscas de temperaturas, com frentes frias e quentes extremas e fora de época, enchentes como as que tem acontecido no sul do país, em paralelo com secas como a que vem atingindo o rio amazonas, devem ficar mais frequentes e mais severas se não houver mudanças significativas para frear a ebulição global.
Quatro efeitos das mudanças climáticas, segundo a ONU
Em regiões continentais, ondas de calor podem ser de duas a três vezes maiores no cenário acima de 2ºC do que naquele de 1,5ºC;
O número de espécies de animais e plantas que podem desaparecer é muito maior na projeção para 2ºC do que naquela de 1,5ºC;
O aquecimento global a 2ºC deve aumentar a probabilidade de ocorrência de secas extremas, assim como falta de chuvas e riscos associados à falta de água.
Os ciclones tropicais devem ocorrer em menor frequência, mas deve ser maior o número de ciclones com intensidade muito forte, fator acentuado no cenário de 2ºC, em relação a 1,5ºC;