Alemanha diz querer retomar fundos contra desmatamento na Amazônia

Investimento havia sido suspenso após o fim dos comitês gestores do fundo no governo Bolsonaro; declaração do país se deu após vitória de Lula no domingo (30)

Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura
Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real - 18.07.2022
Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura

Nesta quarta-feira (2), o governo da Alemanha disse estar pronto para retomar sua ajuda financeira ao Fundo Amazônia , para proteger a floresta do desmatamento . O país é o segundo maior financiador do programa e segue os passos da Noruega, que anunciou o mesmo na última segunda (31) , um dia após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2022 .

"Em princípio, estamos prontos para liberar os fundos congelados para o fundo de preservação da floresta amazônica", afirmou um porta-voz do Ministério do Desenvolvimento e Cooperação alemão em uma entrevista coletiva. "Vamos agora discutir detalhes com a equipe de transição. No governo alemão, há uma grande vontade de estender a mão rapidamente."

O maior doador do Fundo Amazônia era a Noruega , responsável por 93,8% das verbas. Entre 2008 e 2018, o país destinou US$ 1,2 bilhão para o Brasil prevenir, monitorar e combater a devastação na floresta .

O segundo era a Alemanha , que contribuía com 5,7% do total, e também havia cessado os repasses. A Petrobras aparecia em terceiro lugar, contribuindo com 0,5%.

Atualmente, a iniciativa tem R$ 2,5 bilhões em recursos (US$ 482 milhões) que estão congelados desde 2019, quando o então ministro do Meio Ambiente do governo do atual presidente Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, extinguiu os comitês gestores sem consultar os países que financiavam o programa .

Na última semana, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que o governo reativa o fundo de preservação e desenvolvimento sustentável em até 60 dias.

Noruega

Na segunda-feira, o  ministro norueguês do Meio Ambiente, Espen Barth Eide, anunciou que pretende retomar o investimento contra o desmatamento da Floresta Amazônica no Brasil.

"Em relação a Lula, nós observamos que durante a campanha ele enfatizou a preservação da floresta amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia", disse o ministro. "Por isso estamos ansiosos para entrar em contato com suas equipes, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega."

governo Bolsonaro foi marcado pelo aumento do desmatamento na Amazônia em 70%, um índice "escandaloso" nas palavras de Barth Eide. O norueguês disse que seu país entrou em um "confronto frontal" com Bolsonaro sobre a questão.

Segundo o ministro, R$ 2,5 bilhões (482 milhões de dólares) aguardam para serem utilizados no fundo de preservação da floresta amazônica, que voltará a ser financiado pela Noruega.

Em discurso após o resultado das eleições ser anunciado pela Justiça Eleitoral , Lula disse que o Brasil está disposto a "promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica". "Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente", afirmou.

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