Após corte de verbas, Greta Thunberg diz que Bolsonaro não leva clima a sério
Na quinta-feira, presidente prometeu dobrar recursos para combater o desmatamento ilegal, mas, no dia seguinte, foi divulgado um corte no orçamento ambiental
A ativista sueca Greta Thunberg disse neste sábado (24) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está "levando a sério" a questão climática, após o governo cortar a verba destinada ao meio ambiente.
Greta, de 18 anos, compartilhou no Twitter uma reportagem do jornal britânico The Guardian sobre o corte orçamental de Bolsonaro, divulgado um dia após suas promessas na Cúpula dos Líderes sobre o Clima sobre dobrar os recursos para combater o desmatamento ilegal.
"'Bolsonaro aprovou um corte de 24% no orçamento ambiental para 2021 em comparação ao nível do ano anterior apenas um dia após prometer aumentar os gastos no combate ao desmatamente'. Opa... é quase como se nossos 'líderes climáticos' não estivessem levando isso a sério.", escreveu Greta.
Em seu discurso na cúpula, na quinta-feira, Bolsonaro prometeu duplicar o orçamento de órgãos ambientais destinado a ações de fiscalização, como parte do esforço para acabar com o desmatamento ilegal até 2030, o que é um objetivo assumido pelo Brasil em 2015 no Acordo de Paris.
"Há que se reconhecer que será uma tarefa complexa (zerar desmatamento). Medidas de comando e controle são parte da resposta. Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais do governo, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização."
No entanto, um levantamento do Instituto Nacional de Orçamentos Públicos sobre as rubricas da peça orçamentária mostrou que o corte de recursos no Ministério do Meio Ambiente foi de R$ 240 milhões, ou 35% do total programado inicialmente para a pasta a título de despesas discricionárias. Até verba carimbada para o combate ao desmatamento foi vítima da tesoura.
Essa não foi a primeira crítica de Greta a Bolsonaro. Na segunda-feira, a ativista afirmara que o presidente falhou em tomar medidas necessárias para "proteger as presentes e futuras condições de vida para a humanidade" durante uma coletiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), da qual ela fora convidada.
Anteriormente, em dezembro de 2019, o presidente brasileiro chamou Greta de "pirralha", após a ativista sueca ter dito em uma rede social que "os povos indígenas estão literalmente sendo assassinados por tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal" e que é "vergonhoso que o mundo permaneça calado sobre isso". Na ocasião, ela reagira a morte de dois indígenas guajajara no Maranhão.