Até o momento, apenas um bebê afetado por zika foi operado e outros seis aguardam para fazer as correções ortopédicas
Arquivo/Agência Brasil
Até o momento, apenas um bebê afetado por zika foi operado e outros seis aguardam para fazer as correções ortopédicas

Bebês que nasceram com Síndrome Congênita Associada à Infecção pelo vírus Zika já poderão receber tratamento amparado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), unidade do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, irá oferecer a cirurgia para crianças com problemas ortopédicos graves nos pés, pernas, quadris e mãos.

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“É importante notar que a síndrome congênita do vírus zika é algo novo para todos. Estudamos caso a caso e o que fazer de melhor pelos bebês. São crianças que têm normalmente contraturas acentuadas dos músculos, que nem sempre nascem e aparentam de início esses problemas. As articulações podem sair do lugar na medida em que os bebês vão crescendo e começam a fazer os primeiros movimentos para sentar, engatinhar ou caminhar”, explica o chefe da Ortopedia Pediátrica do Into, Pedro Henrique Mendes.

Desde 2015, quando a epidemia do vírus atingiu a população, mulheres que foram afetadas pela doença enquanto estavam grávidas tiveram seus bebês atingidos. Além da microcefalia , doença que afeta a cabeça e o cérebro da criança, alguns recém-nascidos ficaram com o movimento das juntas comprometido.

Analisando alguns casos, o instituto decidiu instituir um projeto piloto de tratamento de fisioterapia pré-cirurgica para esses bebês. Por enquanto, apenas uma criança passou por cirurgias corretivas e outros seis bebês, entre um ano e dois anos estão sendo preparados para passar pelos mesmos procedimentos nas próximas semanas.

Tratamento

Eloá, de um ano e sete meses, foi a primeira criança a ser submetida a operações. Sua mãe, Daiane de Santana Silva Fidelis, 24 anos, não chegou a receber a confirmação da infecção pelo vírus, mas com dois meses de gravidez teve pintas vermelhas espalhadas pelo corpo.

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Apesar de ter nascido com o perímetro encefálico considerado dentro dos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), sua filha tinha as pernas praticamente dobradas sobre o peito, o que provocava dores na menina toda vez que os membros eram tocados.

Depois de ter sido submetida a duas operações, uma nos dois pés, em junho, e outra nos quadris, em julho. O tratamento, que teve início em abril de 2016, agora deverá continuar, mas os médicos acreditam que não será preciso outra intervenção cirúrgica.

“O comportamento dos membros superiores – mãos e braços – não é igual ao dos membros inferiores – pés e pernas – nessas crianças, de forma alguma. É uma evolução que precisa ser acompanhada para cada criança e, nesse contexto, são cada vez mais essenciais as políticas de prevenção a novos casos”, alertou Anderson Monteiro, chefe do Centro de Tratamento Especializado de Mão do Into, em simpósio sobre a doença realizado no instituto na última semana.

Enquanto isso, a mãe de Eloá comemora cada avanço nos movimentos da filha. O objetivo é que ela passe a caminhar o quanto antes. “Estamos vendo pouco a pouco os problemas dela serem resolvidos. Ela já deixou de usar óculos para o estrabismo, que diminuiu, já agarra com as mãos qualquer brinquedo que quer, vemos os pés e perninhas bem diferentes do que eram por baixo do gesso sintético”, afirmou. “É só tirar o gesso para recomeçarmos a fisioterapia e treinarmos para que ela fique em pé”.

“A síndrome congênita associada à infecção pelo vírus zika reabre toda uma discussão sobre os rumos do tratamento ortopédico em grandes centros, como o Into, que até então mantinha um conglomerado de reabilitação e fisioterapia pós-cirúrgica”, ressalta o diretor-geral do Into, Naasson Cavanellas. “As especificidades destas crianças nos fizeram transformar toda a linha de cuidado anterior à cirurgia e cria um grupo de pacientes novos dentro da ortopedia, na verdade peculiares na ortopedia atual”, completou o diretor.

*Com informações da Agência Saúde

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