Deputado Túlio Gadêlha, relator da comissão de refugiados do Congresso
Kauê Pinto / Divulgação
Deputado Túlio Gadêlha, relator da comissão de refugiados do Congresso

Divergências sobre os rumos que os partidos tomaram na eleição presidencial e a busca de espaço na conjuntura política estadual são as principais motivações dos deputados que planejam trocar de legenda na janela partidária que começa no próximo dia 3 e vai até 2 de abril. Além disso, as negociações em torno da formação das federações é um fator que tem adiado a escolha de partidos por parte de congressistas.

Por ora com grande vantagem nas pesquisas de intenção de votos para o Planalto, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm sido fator de atração de parlamentares para suas siglas ou aliadas, enquanto a dificuldade de nomes da terceira via na corrida ao Planalto colabora para que suas legendas percam representantes na janela.

Alguns parlamentares preferem não comentar publicamente as decisões antes de conversarem com os comandos das atuais siglas. O deputado Bacelar (Podemos-BA), por exemplo, quer ingressar numa agremiação que faça parte da federação que será formada em torno da candidatura de Lula. Ele não fala publicamente sobre a sua saída do Podemos, mas a aliados disse que não teria condições de permanecer na mesma legenda que Sergio Moro por causa das divergências com o ex-juiz.

O parlamentar é aliado de Lula. Sua prioridade deve ser o PSB ou o PV, caso o primeiro partido não confirme a federação com os petistas.

O ex-presidente do DEM no Paraná Pedro Lupion também vai mudar de partido para estar alinhado com o seu candidato a presidente. O União Brasil, sigla criada a partir da fusão do DEM com o PSL, ainda não definiu seus rumos na campanha presidencial. Para estar com Bolsonaro, então, Lupion migrará para o PP, que faz parte da coligação que apoiará a reeleição do atual presidente da República.

— O que me motiva a sair são algumas discordâncias com o rumo do partido e meu compromisso com Bolsonaro — disse Lupion

O mesmo caminho deve ser trilhado por outros bolsonaristas do estado, como os deputados Aline Sleutjes e Felipe Barros, que se elegeram pelo PSL.

Em São Paulo, pelo menos três deputados federais do antigo PSL devem deixar o União Brasil: Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Coronel Tadeu. Eles vão para o partido de Bolsonaro, o PL, que deve ganhar cerca de 20 parlamentares e pode se tornar a maior bancada da Câmara.

— Vamos mudar porque queremos ter a mesma identidade do presidente — afirma Coronel Tadeu.

Falta de identidade

O ex-presidente do DEM do Rio Grande do Sul Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx Lorenzoni, afirma que não vê uma identidade clara no União Brasil. Da bancada de quatro deputados federais e seis estaduais do União Brasil gaúcho, devem sobrar três parlamentares.

— Estimo que 80% dos vereadores, presidentes de diretórios e secretários vão migrar para o PL para apoiar a reeleição do presidente — afirmou Rodrigo.

O PDT deve perder deputados que não estão dispostos a apoiar a candidatura presidencial de Ciro Gomes, que está empacado nas pesquisas. Três baixas num total de 25 deputados são dadas como certas. Alex Santana (BA) ainda não sabe o seu destino. Está entre União Brasil, PL ou Republicanos para ficar próximo a Bolsonaro. Pastor evangélico, o parlamentar, que se define como um político de direita, afirma que se distanciou do PDT por causa das pautas de costumes:

— Sempre me pautei votando no governo quando era algo de interesse nacional e que tivesse alinhado com as pautas que eu defendo. É mais justo manter essa continuidade de apoio.

Túlio Gadelha (PE) também vai sair do PDT. Ele pretende se transferir para Rede e ajudar na federação que será formada com o PSOL.

No PSDB, também há descontentamento com a candidatura presidencial de João Doria, mas a deputada Rose Modesto (MS) afirma que deixará o partido porque pretende ser candidata a governadora. Rose, porém, havia apoiado Eduardo Leite nas prévias tucanas vencidas pelo governador paulista. A parlamentar vai migrar para o União Brasil.

— O PSDB no meu estado escolheu outro nome para governador. Depois de 20 anos, o Mato Grosso do Sul vai ter uma candidata mulher. Saí porque não encontrei esse espaço — disse Rose.

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