“Supetão” ou “sopetão”: qual é o certo?
Taís Ilhéu
“Supetão” ou “sopetão”: qual é o certo?

Você já usou a expressão “chegou de supetão ” (ou “de sopetão”) para falar de algo que aconteceu de repente? Se sim, cuidado para não errar a escrita! Esse termo, super popular na Língua Portuguesa, tem tudo a ver com situações inesperadas e, claro, já uma curiosidade linguística por trás. Vamos desvendar o mistério da grafia certa — com “u” ou “o” — e ainda entender de onde vem essa palavra tão cheia de energia.

A forma correta é “supetão” . O vocábulo é derivado do termo “súbito”, que vem do latim ‘ subitus ’ e significa “repentino” ou “imprevisto”, mantendo a essência semântica de um acontecimento abrupto.

“Com o tempo, a palavra ‘súbito’ passou por alterações fonéticas que lhe conferiram um caráter mais coloquial e expressivo. E foi acrescido o sufixo ‘-ão’, que intensificou ainda mais a ideia de impacto ou surpresa, reforçando o tom enérgico e repentino associado à palavra”, explica Diogo D’ippolito , autor de Língua Portuguesa do Sistema de Ensino pH.

“O sufixo ‘-ão’, comumente utilizado na Língua Portuguesa para dar ênfase ou descrever algo forte, contribui para tornar ‘supetão’ uma expressão viva e marcante, carregada de intensidade”, complementa o professor.

Surpresas do cotidiano

E como se usa “supetão” no dia a dia? Aqui a gente mostra para você seis exemplos. Olha só!

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  • Ele entrou no escritório de supetão e interrompeu a reunião.
  • A notícia chegou de supetão e deixou todo mundo surpreso.
  • Não dá para resolver as coisas de supetão, é preciso planejar.
  • Ela decidiu viajar de supetão, sem avisar ninguém.
  • O cachorro apareceu de supetão na minha frente e quase me derrubou.
  • O carro parou de supetão no meio da estrada, assustando os outros motoristas.

Nas palavras de Machado de Assis

O professor Diogo lembra de um trecho da novela “ Casa Velha ”, em que Machado de Assis usa brilhantemente o vocábulo“ supetão”. “Essa palavra se insere no contexto de uma possível emboscada ou golpe, reforçando a urgência e o tom de alerta do narrador. O termo, ao ser contrastado com a hesitação e a resposta dúbia da personagem Dona Antônia, intensifica a tensão narrativa, evidenciando a incerteza do interlocutor diante da situação”, conta o educador. Confira abaixo:

“Dona Antônia respondeu que não, não achara nem buscara nada, e convidou-me a sair. Insisti no receio, acrescentando que, se cogitava dar um golpe, melhor seria avisar-me, para que os dissuadisse, e não fossem eles apanhados de supetão. Dona Antônia ouviu sem interromper, e não replicou logo, mas daí a alguns segundos, com palavras não claras e seguidas, senão ínvias e dúbias.”

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