Rosalina Gomes é a professora desenvolve plano para atender alunos com deficiência no trajeto casa-escola
Reprodução/Arquivo pessoal
Rosalina Gomes é a professora desenvolve plano para atender alunos com deficiência no trajeto casa-escola

Rosalina Gomes, de 50 anos, nasceu em Presidente Venceslau, no interior paulista. Quando começou a graduação em pedagogia na faculdade que ficava sua cidade natal, a Faculdade de Presidente Venceslau, não imaginava que sua trajetória na pedagogia iria impactar tantos alunos e famílias no Mato Grosso do Sul.

Ela se mudou para Campo Grande em 1994, onde atua como professora do ensino fundamental e médio, além de coordenadora pedagógica. Ao longo dos anos, notou a dificuldade de algumas crianças e suas famílias ao longo do trajeto que faziam de casa para a escola.

"Eu encontrava algumas mães empurrando a cadeira de rodas ou segurando o filho pelo braço em um trajeto de sol escaldante, ou em dias de chuva, e esse fato mexeu muito comigo", conta.

Foi a partir dessa perspectiva que Gomes começou a pesquisar mais sobre as políticas públicas voltadas para essas pessoas no estado - e descobriu que elas eram precárias.

"A ideia surgiu a partir de reflexões como: 'o que eu posso fazer para ajudar os
estudantes com deficiência em sua locomoção? Como posso ajudar essas famílias?'", conta.

Em busca de respostas, ela se deparou com a Lei 265/2010, do estado de São Paulo e proposta pelo atual Deputado Federal Baleia Rossi. A lei autoriza a oferta gratuita aos alunos com deficiência o transporte adaptado às suas dificuldades físicas no trajeto entre as suas residências e as escolas, por parte do Poder Executivo em 645 municípios. A medida vale para alunos de todos os graus escolares - ou seja, do fundamental ao ensino técnico.

"Fiquei encantada e fui conhecer pessoalmente o projeto. Retornei a Campo Grande com a certeza de que poderia fazer a diferença na vida de inúmeros estudantes com deficiência e suas famílias", relata a professora.

Início do projeto

Em 2020, Rosalina deu início a sua luta para trazer a inclusão no transporte dos alunos para Campo Grande. Ela então começou a buscar por parcerias e tentava chamar a atenção dos governantes.

"Foram muitas negativas, mas eu nunca desisti e continuei persistindo", afirma.

Foi só um ano depois, em fevereiro de 2021, que o vereador Ronilço Guerreiro, de Campo Grande, deu a chance para Gomes apresentar seu projeto. Ela conta que o vereador classificou o projeto como "Fantástico".

"Foi aí que eu vi uma ponta de esperança e tive certeza de estar no caminho certo", diz.

Desde 2021, o projeto é lei em alguns municípios do Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Bandeirantes, Bataguassu, Corguinho, Sidrolândia e Iguatemi.

"Dignidade, humanização e autonomia"

"Nessa caminhada, conheci inúmeras mães nas escolas municipais, estaduais e instituições de reabilitação e fisioterapia. A cada relato sobre as dificuldades diárias de locomoção até a escola, eu vejo a necessidade desse tipo de transporte ser disponibilizado em todo o estado, para que as pessoas com deficiência tenham dignidade, humanização e autonomia para transpor barreiras", relata a professora.

É o caso de Ana Paula Silva, que deixa sua residência todos os dias para acompanhar a filha Larissa, que é uma pessoa com deficiência visual. Após chegar na escola, Ana Paula aguarda até o término da aula, às 11h30, para retornar à sua casa.

"Permaneço na busca por parcerias, patrocínios e gestores públicos que tenham um olhar diferenciado e apoiem o acesso à educação de estudantes público-alvo da educação especial. Tenho a pretensão de que o transporte escolar para alunos com deficiência alcance todos os 79 municípios do Mato Grosso do Sul e, futuramente, todo o Brasil", diz a professora.

Quer ficar por dentro das principais notícias do dia?  Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!