Ensino remoto teve material impresso e aula no Whatsapp, mostra pesquisa
Ainda de acordo com o estudo da Undime com o Itaú Social e a Unicef, a maioria das secretarias (78,6%) afirma que o maior desafio foi o acesso de estudantes à internet
Pesquisa divulgada na terça-feira (09), mostra que o ensino remoto no Brasil foi, majoritariamente, a combinação de aulas por whatsapp com materiais impressos.
O estudo foi realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação ( Undime ) em parceria com o Instituto Itaú Social e a Unicef. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2021.
O levantamento foi respondido por 3.672 municípios brasileiros, que concentram 14,7 milhões de estudantes. Desses, 91,9% passaram o ano letivo de 2020 todo remoto após o início da pandemia - o restante (8,9%) adotou modelo híbrido. Segundo o estudo, mais de 90% dos municípios utilizaram aulas por whatsapp e materiais impressos para as atividades remotas.
"As redes com maiores capacidade de financiamento conseguiram oferecer mais plataformas estruturadas. Quem não tem essa possibilidade, se limitou a fazer com o que podia. O MEC fez falta nesse sentido e agora fala internamente na produção de uma plataforma de apoio geral. Isso está no começo e vamos ver como vai evoluir", afirma Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime.
As aulas gravadas foram utilizadas por 60% dos municípios e pouco mais da metade (54%) tiveram orientações on-line por aplicativos. Já vídeo-aulas ao vivo aconteceram em apenas 21% das redes municipais que responderam à pesquisa.
Ainda de acordo com o estudo, a maioria das secretarias (78,6%) afirma que o maior desafio foi o acesso de estudantes à internet.
"A constatação reforça a importância de ampliar a conectividade no País por meio de, entre outras ações, a sanção do Projeto de Lei 3447/2020. Ele permite que recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) sejam direcionados para estados e municípios para garantir a conectividade de crianças e adolescentes da rede pública que vivem em famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), bem como daqueles matriculados nas escolas das comunidades indígenas e quilombolas, e professores da rede pública", diz o material de divulgação da Undime.
Para 2021, 63,3% das redes planejaram começar o ano letivo de forma remota; 26,3% pretendem iniciar de forma híbrida; 3,8% de forma presencial e 6,6% ainda não definiu. As aulas estão sendo retomadas na maioria das redes entre os meses de janeiro e março.
"Corremos o risco de voltar dez, 15 anos no número de crianças fora da escola, seja porque nem se matricularam em 2021 ou não conseguiram fazer as aulas remotas", afirma Italo Dutra, da Unicef.
Com relação aos protocolos de segurança sanitária, 33,9% das redes já os concluíram, 59,6% estão em processo de discussão e 6,5% ainda não iniciaram esse processo. Já os protocolos pedagógicos para a volta às aulas presenciais estão sendo discutidos por 70,4% das redes, já foram concluídos em 22,7% delas e não foram iniciados em 6,9%.