Pais relatam casos de racismo em escolas de São Paulo

Crianças negras questionam por que não têm colegas semelhantes a elas

Pais observam necessidade de uma educação antirracista.
Foto: FreePick/Divulgação
Pais observam necessidade de uma educação antirracista.

Dados do Censo Escolar apontam que crianças e jovens negros representam 65% das matrículas nas redes públicas de ensino no Brasil. Já na escola privada, eles são 35,7% do total de alunos.  

As informações foram dadas pelo FolhaPress .

A psicopedagoga Mariana Mendes, de 47 anos, já ouviu a filha dizer que uma colega não quis se sentar ao seu lado por não “gostar de sua cor”. Juliana Mendes, de 8 anos, estuda em escola particular e nunca teve colegas negros como ela.

"Não esperava que situações como essa pudessem acontecer tão cedo, com crianças tão pequenas. Mas, depois, pensando sobre a situação, percebi que minha filha era a primeira amiguinha negra daquela menina. Ela estranhou por ser uma pessoa diferente das que conhecia”, relatou Mariana.

"Ela [Juliana] nunca teve professor negro, nunca teve colegas negros em sala. E sempre nos pergunta por que só ela é negra, por que não tem mais negros na escola ”, ressalta a mãe.

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Mariana Mendes disse que levou o caso à coordenação da escola e, a partir do ocorrido, a instituição começou a abordar pautas raciais com os estudantes. 

Rosana Correira, de 52 anos, conta que o filho dela também já passou por situações semelhantes e questiona o porquê ele não vê, na escola, pessoas que são parecidas com ele.

"Acredito que se ele tivesse professores negros, pessoas dentro da escola que possam o inspirar e fazer com que ele se veja como adulto, ele se sentiria mais confiante, se reconheceria mais no espaço escolar”, observa Rosana.

Antoune Nakkhle, 51, é pai de uma estudante de 16 anos e recorda de  episódios de racismo que a filha vivenciou em escolas particulares de São Paulo.

Ele acredita que educação antirracista nos colégios também inclui ações voltadas para as famílias dos alunos, além da contratação de mais professores negros.

"As crianças se tornam racistas porque reproduzem o comportamento que veem em casa e pelo que a sociedade mostra a elas. Não adianta a escola só trabalhar isso em sala de aula, mas os alunos continuarem presenciando a discriminação . Uma educação antirracista passa por ações antiexclusão", conclui.