A Comissão de Educação da Câmara aprovou a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para que compareça à Casa para prestar esclarecimentos sobre suas afirmações a respeito das universidades públicas brasileiras.
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Em entrevista ao portal "Jornal da Cidade", Weintraub acusou as universidades federais de terem "plantações extensivas de maconha" e utilizarem laboratórios para produção de drogas sintéticas.
O ministro deverá comparecer na comissão no dia 11 de dezembro. Após diversas obstruções de partido da base do governo, um bloco de requerimentos de deputados da oposição foi aprovado por 24 votos a favor e 8 contra.
Durante a discussão, houve uma tentativa de acordo para que o ministro fosse convidado e não convocado para ir à Câmara
, mas como não foi garantida a presença de Weintraub, a oposição não aceitou retirar os pedidos de convocação da pauta.
Autora de um dos cinco requerimentos de convocação, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) afirmou que a votação expressiva indica que o ministro da educação é considerado um problema não só por parlamentares da oposição .
"Essa votação demonstra claramente que a Comissão de Educação
perdeu a paciência com o ministro. É uma votação muito expressiva, não é votação da oposição. Vários partidos que votam sistematicamente com o ministro encaminharam voto sim, porque o ministro Weintraub é de fato um desastre", disse a deputada. "Queremos que ele venha aqui responsabiliza-ser pelas acusações levianas que vem fazendo. Contra si o ministro está produzindo uma grande frente parlamentar suprapartidária".
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'Passa mais tempo no Twitter'
Ao orientar o voto do partido Novo , o deputado Tiago Mitraud (NOVO-MG) afirmou que Weintraub "ultrapassou os limites". De acordo com o deputado, o partido já acompanhou o governo em outras discussões, mas é preciso que o ministro preste esclarecimentos.
"O Partido Novo tem adotado uma postura pró aquilo que acreditamos que o país precisa então temos acompanhado o governo em inúmeras votações e mantido uma relação muito próxima com inúmeros ministros do governo Bolsonaro . Agora, infelizmente, o ministro da educação ultrapassou todos os limites da razoabilidade ao longo dos últimos meses. É um ministro que não consegue dialogar com as diferentes entidades da educação, que passa mais tempo no Twitter atacando pessoas do que construindo políticas públicas para resolver o péssimo nível de qualidade da educação do país — criticou.
Ao longo da discussão, o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) argumentou contra a convocação de Weintraub. Jordy defendeu Weintraub e disse que, muitas vezes, as instituições de ensino são locais de produção de drogas.
"Obviamente que as universidades são locais de produção do conhecimento, conheço muitos universitários que vão com esse intuito para universidade. Conheço muitos professores que também vão para universidade com essa intenção, mas que ficam muito incomodados com o estado calamitoso que a esquerda transformou as universidades. As universidades hoje não são só laboratório de militantes de esquerda, mas também servem como laboratórios de drogas", afirmou Jordy. "O que eles (oposição) querem não é que o ministro venha prestar esclarecimento e trazer a verdade, o que querem é desgastar o governo".
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Em entrevista em novembro, o ministro da educação falou contra a autonomia universitária, prevista pela Constituição, e afirmou que as instituições de ensino têm plantações extensivas de maconha. A fala gerou reação da comunidade acadêmica. Em nota, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) afirmou que pretende processar Weintraub pelas acusações.
"Foi criada uma falácia que é que as universidades federais precisam ter autonomia. Justo. Autonomia de pesquisa, autonomia de ensino. Só que essa autonomia acabou se transfigurando em soberania. Então, o que você tem? Você tem plantações de maconha, mas não são três pés de maconha . Tem plantações extensivas de maconha em algumas universidades ", disse Weintraub na ocasião.
O dirigente do MEC acrescentou ainda que nessas plantações seriam utilizados até borrifadores de agrotóxico: "ou coisas piores. Você pega um laboratório de química, uma faculdade de química não era um centro de doutrinação, desenvolvendo laboratório de droga sintética, de metanfetamina, porque a polícia não pode entrar lá nos campi".