Alfabetização na educação básica só voltará a ser avaliada em 2021, decide MEC

Avaliação, que estava prevista para ocorrer em 2019, foi suspensa por dois anos para que nova política de alfabetização seja implementada nas escolas

Alfabetização em escolas da educação básica voltará a ser avaliada somente em 2021, segundo decidiu o MEC
Foto: Arquivo/MEC
Alfabetização em escolas da educação básica voltará a ser avaliada somente em 2021, segundo decidiu o MEC

A avaliação dos avanços da alfabetização na educação básica do País foi suspensa e só voltará  a ser realizada em 2021. A medida consta de portaria sobre o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), cujas diretrizes foram publicadas no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (25), pelo Ministério da Educação (MEC).

O Saeb é realizado a cada dois anos e, de acordo com os últimos resultados, captados em 2017 , a maioria dos alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentava nível de alfabetização insuficiente. Agora, com a decisão do MEC, haverá um buraco de quatro anos nas medições sobre o desenvolvimento dos alunos na aprendizagem de ler e escrever.

A decisão de não realizar a avaliação neste ano contraria o que havia sido definido no fim do ano passado, no então governo de Michel Temer (MDB). A administração anterior pretendia aplicar as provas aos alunos do 2º ano do ensino fundamental (e não mais do 3º) e também avaliar o conhecimento dos alunos do 9º ano com provas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

Esses testes aos alunos do 9º ano serão aplicados entre 14 e 25 de outubro deste ano, mas a poucos estudantes. O governo atual decidiu trabalhar com um resultado por amostragem, cujos parâmetros ainda serão definidos. 

Segundo o Inep, o motivo para a não aplicação das provas para medir o aprendizado dos alunos em ler e escrever é a necessidade de dar tempo às escolas se adaptarem à  nova Base Nacional Comum Curricular (que determina o que as escolas devem ensinar).

Além disso, também passará a ser implantada agora a nova Política Nacional de Alfabetização , que é considerada uma das prioridades para os primeiros 100 dias de governo Jair Bolsonaro (PSL) e está a ponto de ser anunciada pelo governo. De acordo com o MEC, essa nova diretriz é "eficaz" e "baseada em evidências científicas, ou seja, na ciência cognitiva da leitura". O modelo é inspirado em políticas adotadas nos Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e França.

A minuta sobre o tema, definida por um grupo de trabalho armado pelo ministro Vélez Rodríguez, ainda não foi divulgada. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo , que teve acesso ao texto, a proposta do governo para ensinar as crianças a ler e escrever prioriza o chamado método fônico, que se baseia em concentrar a atenção das crianças na relação entre letras e sons para, só depois, chegar à leitura em si.

A publicação das diretrizes para o Sistema de Avaliação da Educação Básica estava atrasada, assim como outras ações do Ministério da Educação também têm enfrentado dificuldades para avançar num momento em que a pasta se encontra em ebulição. Com danças das cadeiras quase que semanais , o ministério tem sido palco de embates entre militares, técnicos e os chamados 'olavistas', que são ex-alunos do ideólogo Olavo de Carvalho.