A taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais de idade, registrada em 2017, no Brasil, foi estimada em 7%. Tal resultado representa uma queda considerável, mesmo que pareça pequena, em relação aos 7,2% registrados em 2016 – porcentagem que equivale a 300 mil pessoas.
Mesmo com essa queda, o país registrava, no ano passado, 11,5 milhões de analfabetos, o que indica um dado lamentável: mesmo em 2017, o País não atingiu a meta do Programa Nacional de Educação (PNE), cujo objetivo era alcançar uma taxa de 6,5% de analfabetismo em 2015.
Esses dados foram divulgados pela pesquisa Educação 2017, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (18), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio Contínua (Pnad Contínua).
O destaque dos resultados ficou com as regiões Centro-Oeste (5,2%), Sudeste e Sul (ambas com 3,5%) que já estavam abaixo da meta prevista para 2015. Nas Regiões Nordeste e Norte, no entanto, os percentuais foram 14,5% e 8%, acima da meta do PNE.
"Atingir as metas do PNE vai depender muito das medidas e politicas a serem adotadas e da questão demográfica: o fator demográfico é de grande importância nesta questão e ele é maior entre as pessoas mais velhas", disse a analista do IBGE Marina Aguas, responsável pela pesquisa. "Alcançar ou não a meta fixada pelo PNE para 2024 vai depender muito das políticas públicas adotadas", alertou
O levantamento mostra que a taxa caiu mais entre as pessoas de cor preta ou parda, se mantendo praticamente estável na população com 15 anos ou mais de cor branca.
Afinal, os dados indicam que, de 2016 para 2017, a taxa de analfabetismo entre pretos e pardos chegou a cair 0,6 ponto percentual, passando de 9,9% para 9,3%; enquanto entre as pessoas brancas o recuo foi de 0,2 ponto percentual – de 4,2% para 4%.
Brasileiro está estudando mais
E não é só o início do estudo que foi pesquisado. De acordo com o levantamento, houve um aumento na média dos anos de estudo do brasileiro. Afinal, entre as pessoas com 25 anos ou mais, a média em 2017 foi de 9,1 anos de estudo, aumento de 0,2 anos em relação a 2016.
“Esse patamar de crescimento esteve presente em todas as regiões, com Sudeste, Centro-Oeste e Sul mais uma vez apresentando valores acima da média nacional, respectivamente de 9,9, 9,5 e 9,4 anos. Já as regiões Nordeste e Norte mais uma vez ficaram abaixo da média nacional, com 8,6 anos e 7,7 anos, respectivamente”, revela a pesquisa.
Nesse quesito, o sexo feminino superou o masculino. Isso porque, entre as mulheres, estimou-se o número médio de anos de estudo em 9,3, enquanto para os homens, 8,9, ainda assim ambos 0,2 anos maiores do que o registrado em 2016.
Com relação à cor ou raça, são 10,1 anos de estudo para as pessoas de cor branca contra 8,2 anos para as de cor preta ou parda, uma diferença de quase dois anos entre esses grupos.
Idade mais adequadas para cada série
Em 2017, 95,5% das crianças de 6 a 10 anos estavam adequadamente nos anos iniciais do ensino fundamental. Em relação à faixa de 11 a 14 anos, 85,6% frequentavam os anos finais – o que significa 1,3 milhão de crianças frequentavam a escola fora da etapa adequada e 113 mil estavam fora da escola.
O atraso e a evasão se acentuam no ensino médio, que deve ser cursado por estudantes de 15 a 17 anos. Para essa faixa, a taxa de escolarização foi de 87,2%, porém a taxa ajustada de frequência escolar líquida foi de 68,4%, indicando quase 2 milhões de estudantes atrasados e 1,3 milhão fora da escola.
No grupo de 18 a 24 anos, a taxa de escolarização era de 31,7% em 2017, contra 32,8% no ano anterior. Nesse mesmo período, o índice também recuou entre as mulheres (de 34,1% para 32,6%) e as pessoas de cor preta ou parda (de 29,4% para 28,4%).
A taxa ajustada de frequência escolar no ensino superior foi 23,2%. Entre as pessoas brancas, a taxa foi 32,9%, alcançando a meta do Plano Nacional de Educação, que é de 33% até 2024. Entre as pessoas pretas ou pardas, o percentual era de 16,7%, abaixo da meta.
A relação da idade com o analfabetismo
Voltando à questão do analfabetismo, a pesquisa constatou ainda a existência de relação direta do problema com a idade das pessoas.
Na Região Nordeste, 38,6% da população de 60 anos ou mais não sabiam ler ou escrever um bilhete simples, taxa quatro vezes maior que a do Sudeste para o mesmo grupo etário, que foi de 10,6% em 2017.
Para a analista do IBGE, os dados mostram que o país tem avançado em termos educacionais, mas persistem algumas desigualdades, principalmente do ponto de vista regional.
“Os dados da Pnad 2017 mostram que o Brasil tem avançado em termos educacionais, tanto do ponto de vista do aumento do número médio de anos de estudos, como do percentual das pessoas que completaram pelo menos a etapa básica do ensino", disse.
"Mas também, ao mesmo tempo, mostra que existe um atraso em relação a idade e a etapa que as crianças que se encontram na escola deveriam estar idealmente cursando”, afirmou.
Para os idosos, o problema então persiste. “O caráter estrutural desse indicador, ou seja, a taxa de analfabetismo , mesmo em queda, persiste mais alta para as idades mais avançadas. Em 2017, entre as pessoas com 60 anos ou mais, a taxa foi 19,3%, 1,1 ponto percentual menor do que em 2016 (20,4%)", informou o IBGE.
* Com informações da Agência Brasil.