A Universidade de Brasília (UnB) está tomando medidas para reduzir o consumo de água e ampliar a sua reserva. Incluída no rodízio de abastecimento do Distrito Federal , a instituição chegou a adiar o início das aulas no principal campus da instituição em função do racionamento.
“O que observamos é que a crise não vai acabar no mês que vem ou no semestre que vem. A crise tem uma perspectiva de prazo maior e precisamos estar preparados para medidas estruturais para suportar maiores restrições, já que ainda vamos enfrentar o período de seca no DF”, diz o diretor da Diretoria de Gestão de Infraestrutura da UnB , Alberto de Faria.
O início das aulas seria nesta segunda-feira (6) e foi adiado para terça-feira (7) no campus Darcy Ribeiro, o maior dos quatro campi da universidade, localizado na Asa Norte. Com mais de 500 mil m² de área construída, diariamente o campus recebe de 20 a 35 mil pessoas, segundo Faria. Além das dezenas de institutos e faculdades, o local conta com mais de 400 laboratórios, hospitais e restaurante universitário. “Uma pequena cidade que não chega a 20 mil habitantes”, diz o diretor.
Nesta segunda-feira, o expediente administrativo ocorre normalmente. Apenas os vestiários do Centro Olímpico estão fechados, bem como o atendimento ao público externo na Biblioteca Central. Alguns laboratórios também mantiveram as atividades. “Desde a semana passada conversamos sobre isso e decidimos pedir que as pessoas trouxessem garrafinhas de água para consumo próprio”, diz a estudante de nutrição Juliana Silva, 22 anos, que integra a equipe do Laboratório de Bioquímica da Nutrição do Núcleo de Medicina Tropical.
“Muitas das atividades que desenvolvemos não dependem de água, mas mais de computadores. O semestre começou e decidimos manter as atividades”. Segundo ela, até o início da tarde, o fluxo de água estava normal.
De acordo com Faria, a suspensão das aulas se deu apenas nesta segunda-feira e não deverá ocorrer nos demais dias de racionamento. A intenção é que a instituição possa medir o fluxo de água e estar preparada para quaisquer intercorrências. Desde já, algumas medidas estão sendo tomadas para reduzir o consumo: grandes faxinas e limpezas estão suspensas nos dias de racionamento, assim como eventos sociais.
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O uso dos vestiários no Centro Olímpico, local que não conta com reservatório de água, também está suspenso. Além do dia de racionamento, o retorno da água ocorrerá em até 48 horas até a total normalização, fazendo com que a reserva seja usada por mais tempo. A universidade conta com 16 caixas d'água e cinco reservatórios de reuso.
Pedido à Caesb
Há cerca de três semanas, a universidade montou uma comissão de acompanhamento e controle da crise hídrica. A comissão, coordenada pelo vice-reitor Enrique Huelva, conta com professores da faculdade de tecnologia e técnicos da prefeitura da instituição. Há duas semanas, o grupo chegou a entrar em contato com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para pedir que a instituição ficasse de fora do racionamento. A Esplanada dos Ministérios foi poupada, mas o pedido foi negado à UnB.
A Agência Brasil procurou a companhia e perguntou da possibilidade da universidade ainda ser excluída do racionamento, mas, em nota, a Caesb disse que não: “Todos os órgãos que estão nas regiões abastecidas pelos Sistemas Descoberto ou Santa Maria/Torto estão sendo afetados pelo plano de rodízio”. Já o Hospital Universitário de Brasília (HUB), ligado à universidade, não será afetado, assim como outros hospitais e centros de saúde.
Em relação ao racionamento, a Caesb explica que em ciclos de seis dias, haverá a interrupção do abastecimento em áreas específicas durante 24 horas. Nos dois dias seguintes à interrupção, a localidade estará na situação de estabilização do sistema de abastecimento, que dura até 48 horas. Isso porque o abastecimento de água, depois de interrompido, não retorna de imediato. Ou seja: são um dia sem água, dois dias em fase de estabilização e três com abastecimento normalizado, e assim continuamente, até que o rodízio possa ser interrompido.
Longo prazo
A Universidade de Brasília também prevê interligar a rede interna para proporcionar uma maior eficácia às caixas d' água e estuda instalar uma caixa no Centro Olímpico. Medidas como a disponibilização de banheiros químicos ou mesmo a realização de aulas por plataformas à distância não estão descartadas, caso haja uma intensificação da crise.
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“Temos medidas acadêmicas para suprir as condições de ensino que serão colocadas na medida em que haja uma restrição da universidade. Temos plataformas digitais que ministram disciplinas [a distância] e podemos fazer o remanejamento de ambientes para que a gente possa manter no semestre a carga horária planejada. Concretamente, a gente não chegou perto do pior cenário. Estamos monitorando para verificar. Essas medidas não foram avaliadas porque ainda não se apresentaram como necessárias”, diz Faria.
Segundo o diretor, o consumo máximo que a UnB tem identificado é de 1,7 mil metros cúbicos de água por dia. Os reservatórios e caixas d'água têm capacidade de 2,8 mil metros cúbicos de armazenamento. “Temos a capacidade de reservatórios de praticamente uma vez e meia a necessidade de consumo. Mas, obviamente, a crise não vai se encerrar no próximo mês, é uma questão que pode ser estendida em 2017 e pode afetar 2018”.
* Com informações da Agência Brasil