Estudantes da UFABC querem representar o Brasil, pela primeira vez, no IPT, um torneio internacional de física
Arquivo pessoal/ Matheus Pessôa
Estudantes da UFABC querem representar o Brasil, pela primeira vez, no IPT, um torneio internacional de física

Qual a altura máxima que uma torre de Legos, com peças feitas de gelatina, pode atingir? Como saber a altura de uma pipoca estourando só pelo som? Ou como projetar uma Aurora Boreal? Esses são alguns dos 17 desafios que estudantes da Universidade Federal do ABC (UFABC) esperam desvendar no IPT (International Physicist’s Tournament), um torneio internacional de físicos, que ocorrerá na Chalmers University, na Suécia, no mês de abril. 

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A equipe brasileira composta por seis alunos da UFABC – André Juan, Henrique dos Santos, Isabela Bijopti, Matheus Pessôa, Pedro Rossini e Ricardo Gitti – é a primeira do País a ter a oportunidade de participar da competição, que ocorrerá entre os dias 8 e 13 de abril.

No entanto, para ir até a Suécia, mostrar e defender os resultados de suas pesquisas, o grupo precisa arrecadar R$ 26 mil. O valor será utilizado para o pagamento das passagens aéreas e da inscrição no torneio (no valor de 1.000 euros, cerca de R$ 3.200). Para isso, os alunos criaram uma conta em um site de financiamento coletivo  e esperam levantar o montante necessário para representar o Brasil na competição internacional.

A vaga

O capitão da equipe da UFABC, Matheus Pessôa, de 19 anos, contou em entrevista ao iG que os alunos se inscreveram para o torneio por conta própria e tiveram que passar por uma pré-seleção. “Só 18 equipes podem participar, eles [o IPT] tiveram 21 inscritos. Então, tivemos que fazer um pré-relatório sobre um dos desafios, que, para nossa surpresa, foi um dos mais bem avaliados”, explicou.

Desde então, os estudantes tem se dedicado a pesquisar e testar diversos problemas da física que ainda não possuem uma resposta ou  explicação concreta. Os 18 times participantes devem investigar a natureza desses problemas e discuti-los com outras equipes nos “Physics Fights”, principal momento de confronto entre as equipes no evento.

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Estudantes têm se dedicado a pesquisar diversos problemas da física que ainda não possuem uma resposta ou  explicação
Arquivo pessoal/ Matheus Pessôa
Estudantes têm se dedicado a pesquisar diversos problemas da física que ainda não possuem uma resposta ou explicação

Na competição, um time é desafiado a resolver um dos 17 problemas de Física e, então, apresenta seus resultados. Por sua vez, o outro time contra-ataca com argumentos matemáticos e, por fim, uma terceira equipe avalia a batalha. “A expectativa é grande para mostrar a produção cientifica que está sendo desenvolvida aqui no Brasil. Já que a ciência não é muito valorizada no País, essa é uma oportunidade de mostrar o que podemos desenvolver também”, afirmou Pessôa.

Para o professor Antonio Alvaro Ranha Neves, coordenador da equipe, o torneio é uma chance de os alunos adquirirem experiência internacional e poderem sentir como é a carreira de um físico pesquisador. “Eles têm que testar, ver o que funciona ou não. E até nas falhas eles aprendem e vão poder debater isso com os outros competidores”, disse.

Representação feminina

Dos seis integrantes do grupo, Isabela Bijopti, de 19 anos, é a única mulher. “Fiquei meio chateada. Infelizmente, é uma realidade dos cursos de exatas. Queria que tivesse mais meninas, mas fiquei feliz por ser uma que está participando. Já é um avanço ter essa representatividade, algo que há uns anos talvez não fosse possível.”

Isabela contou ao iG que entrou na equipe em dezembro, e que poder colocar em prática tudo o que já aprendeu na teoria foi um dos principais motivos para querer participar do torneio. “A competição estimula muito a capacidade de ser criativo, propor, testar, falhar, e se manter motivado para chegar em um resultado. Sair um pouco dessa teoria da sala de aula. E muda sua maneira de pensar”, explicou a estudante.

Espalhar conhecimento

Além do reconhecimento internacional e da oportunidade de terem os resultados das pesquisas em publicações cientificas, a equipe pretende “reverter o conteúdo científico desenvolvido para a sociedade”.

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Por meio de vídeos no YouTube, divulgação do diário de bordo oficial da equipe e palestras em escolas públicas, os universitários querem motivar outros alunos a se interessarem pela Física. “Dentro da sala de aula, [a Física] é vista como algo muito longe da realidade, nós queremos trazer essa aproximação para as escolas”, explicou o capitão da equipe da UFABC.

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