A mudança na rotina dos paulistas reduziu a quantidade de veículos circulando na cidade e, consequentemente, a diminuição do monóxido de carbono, indicador da emissão de poluentes em grandes centros urbanos. Estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) aponta queda no número de veículos nas ruas como maior responsável pela redução de poluentes durante o período de quarentena.
"O isolamento social para controlar o avanço do novo coronavírus vem ajudando a reduzir a emissão de poluentes como CO e NOx nas grandes cidades, segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB)", relata Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios ( www.revistaecotour.news ).
Estudos demonstraram que, durante as medidas de isolamento social, houve a redução da poluição do ar na China, Europa, Rio de Janeiro e São Paulo e, à medida que as populações retomam suas atividades regulares, observa-se que, gradativamente, os níveis de poluição têm aumentado.
A temática da qualidade do ar ganhou relevância nesse período depois que pesquisas recentes correlacionaram a poluição atmosférica ao agravamento da pandemia, além de haver a hipótese, em estudo, de que a poluição por particulados seja um dos fatores de disseminação do vírus.
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Na opinião do doutor em Geociências e professor no Mestrado em Análise Geoambiental da Universidade UNG, Fabrício Bau Dalmas, esta hipótese que aponta queda no número de veículos nas ruas como maior responsável pela redução de poluentes durante o período de quarentena é muito plausível, tanto pelos dados coletados durante este período de quarentena quanto por estudos anteriores, relacionados à influência dos veículos automotores na poluição do ar de grandes cidades.
"Considerando a volta das atividades pós-pandemia e visando a garantia de direitos fundamentais à vida, à saúde e a um meio ambiente equilibrado, mais de 20 entidades, que compõem a Coalizão Respirar, assinaram um manifesto, em que solicitam alternativas para uma retomada justa para todos", informa Vininha F. Carvalho.
No documento, as entidades pedem que a retomada das atividades econômicas seja feita com incentivos à redução do uso do transporte, uso de veículos coletivos com energia limpa e a melhores condições de uso de transporte ativo. Ressaltam, também, que a manutenção das florestas, em especial a Amazônica, é essencial para a vida e desenvolvimento do país, por afetar diretamente a qualidade do ar nas cidades - quando há queimadas -, por assegurar as chuvas nas lavouras e equilibrar o clima.
Por isso, o manifesto também pede que o desmatamento seja zerado e as queimadas sejam contidas. Além disso, considera que aprovação da Política Nacional de Qualidade do Ar e a atualização dos padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde são fundamentais para uma retomada que permita a manutenção do ar limpo para uma melhor qualidade de vida e saúde da população.
"Chama a atenção o efeito da poluição do ar (e por diversos poluentes) no aumento de casos novos da Covid-19 e piora de sua letalidade. Um estudo de Harvard em 3000 cidades americanas, concluiu que as cidades mais poluídas por particulado fino há 15 anos apresentaram o aumento de 15% na taxa de mortalidade pela doença - tornando-se a poluição atmosférica, um fator ambiental potencial alvo para o combate no agravo da pandemia", alerta Evangelina Vormittag, diretora do Instituto Saúde e Sustentabilidade.
"Apesar da conscientização e mudança de comportamento de grande parte da sociedade, algumas ações precisam ser reforçadas com frequência, caso contrário às consequências serão inúmeras tanto nos aspectos econômicos quanto ambientais de uma maneira geral", conclui Vininha F. Carvalho.