Ex-ministro do Turismo Vinicius Lummertz 
Marco Cezar
Ex-ministro do Turismo Vinicius Lummertz 

“Onde há Turismo não há desemprego”. Este foi o título da Capa da mais recente edição da revista Economy&Law, citação de uma das frases que eu disse em entrevista para as chamadas “red pages”, as páginas vermelhas dessa publicação que tem como maior público empresários, juristas e políticos do Brasil. Em dez páginas, tive a oportunidade de fazer uma abordagem profunda a respeito do Turismo brasileiro e também relatar as razões, iniciativas e ações que nos fizeram transformar São Paulo num “Estado Turístico”, no trabalho que realizamos durante os últimos quatros anos com nossa equipe na Secretaria de Turismo e Viagens paulista.

Os entrevistadores começam me perguntando como definiria o legado desses quatro anos. Respondi a eles que nós mudamos as percepções com ações práticas. O mais importante foi termos levado o Turismo para o centro da pauta política e econômica do Estado; também contribuímos com uma maior compreensão sobre a importância do Turismo na geração de empregos em São Paulo.

O Turismo conta com mais de 10% da participação na economia do Estado, acima da média nacional e com 2,2 milhões de pessoas ocupadas – temos o maior mercado de feiras e eventos da América Latina, e 60% das sedes das maiores empresas de Turismo do Brasil.

Mas, quando assumimos, em janeiro de 2019, vimos em pesquisas e consultas o que já intuíamos: havia necessidade de identificar São Paulo como sendo um Estado Turístico - pois o Estado era visto como dos negócios, das indústrias e do agribusiness, mas não do turismo.
O desafio era como efetivar essa mudança, como fazer. Inicialmente, precisávamos de um plano. Fizemos o projeto “SP pra Todos” e o “Plano 20/30”, a muitas mãos, com apoio da FIA (Fundação Instituto de Administração da USP) e da InvestSP (Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade). Avançamos muito, com o aval e o apoio dos governadores João Doria e Rodrigo Garcia, de muitas secretarias do governo, do trade turístico e dos prefeitos das 70 estâncias e 140 municípios turísticos do estado.

A pandemia foi um desafio inesperado, mas conseguimos realizar a maior promoção do turismo de São Paulo com as campanhas do “SP pra Todos”, que hoje é marca pública, e o fizemos em parceria com a iniciativa privada, em especial com a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e o Visite São Paulo - Convention Bureau.

Divulgamos São Paulo no Brasil e no mundo, na CNN internacional, o que trouxe resultados como a inserção em vários rankings internacionais de destino, e gerou o maior crescimento de “São Paulo” em buscas espontâneas globais para turismo, sendo o destino com maior crescimento detectado pelo Google no início de 2020.

Conseguimos também trazer mais segurança jurídica ao ambiente de negócios criando e implementando a Lei dos Distritos Turísticos que aprovamos na Assembleia Legislativa em Serra Azul, Olímpia, Andradina. Criamos Rotas Gastronômicas por todo o Estado, estruturas náuticas que estão no início de impulso de um setor com grande potencial, realizamos acordo para reduzir impostos dos combustíveis de aviação que trouxe 700 novos voos semanais para São Paulo - e foram privatizados 22 aeroportos no interior do estado. Nesse caso, da redução de ICMS dos combustíveis, substituímos a irracionalidade tributária pela racionalidade econômica.

Isso sem falar nos recursos disponíveis para as 70 estâncias e 140 municípios turísticos, elevamos o patamar de recursos da casa dos R$ 200 milhões para R$ 550 milhões repassados em 2021 e 2022, um esforço inédito. Temos também o resultado da cooperação técnica com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que trará US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) para o programa Mais Turismo SP, em que buscamos priorizar infraestrutura em regiões importantes, o ecoturismo nos parques, programas de crédito e as marcas regionais, os “place branding”.

Ao ser perguntado sobre os resultados deste trabalho pela Economy&Law, respondi que vamos fechar 2022 com um crescimento de 11% no PIB do Turismo e com a criação de 85 mil empregos diretos, o que será um recorde anual em criação de empregos. A confirmação desses números marca a superação numérica dos níveis de atividade de 2019/2020, e devemos terminar o ano já com 1 ou 2% acima de onde estávamos.

No entanto, o Turismo de São Paulo está preparado para uma trajetória de crescimento real de pelo menos 40% até 2030, caso se continue a investir em promoção, na ampliação de oferta de resorts, hotéis, parques temáticos. E isso acontece com uma conjugação de esforços públicos e privados e evolução na segurança jurídica e no ambiente de negócios.

Essas premissas valem também para o Brasil e por isso este é o tema da nossa próxima coluna. Afinal, como afirmamos no início deste artigo, “onde há Turismo não há desemprego” – e, na minha opinião, somente o Turismo poderá proporcionar ao país o número de postos de trabalho que necessita para dar um salto de desenvolvimento social e econômico.

Existe uma corrida mundial por empregos e os setores de Turismo estão no centro destes acontecimentos. Todos já sabem: “Sem o Turismo a conta não fecha”. É hora de o Brasil largar pautas velhas, anacrônicas e se atualizar.

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