Em artigo publicado recentemente no Money Report, intitulado “Qual será o futuro da direita?”, o jornalista Aluizio Falcão Filho faz importantes considerações que merecem atenção e comentários. Desenhando um ponderado diagnóstico sobre as razões da derrota do presidente Jair Bolsonaro – em que que destaca que “o liberalismo foi outro grande derrotado e chega ao final de 2022 em completo ostracismo” - o jornalista aponta que para a direita obter sucesso no futuro “ficar pregando o medo através do anticomunismo não cola mais. Por isso, se quiser ganhar em 2026, precisa deixar os extremistas como coadjuvantes no próximo pleito. Retomar a agenda liberal, com foco em menos impostos e mais liberdade para empreender. Esses são pontos que todo cidadão compreende facilmente, sem nenhum dilema moral”, afirma ele.
Vou me ater apenas a esse ponto – que considero fundamental – entre aqueles apontados no Money Report como “enganos” da campanha do presidente e que deveriam ser levados em consideração por sua equipe para não serem repetidos no futuro. Concordando com o que Falcão Filho afirma sobre o fracasso do liberalismo no atual Governo, tenho a mais plena convicção de que o Brasil precisa de uma agenda liberal - pois mesmo com os juros altos existe capital em excesso no planeta e esse capital pode financiar o nosso crescimento junto com a chamada “responsabilidade social”.
E é preciso crescer e fazer as reformas – por mais duras que sejam - para recebermos mais investimentos. Os salários só subirão se houver demanda por empregos - e estes só virão se criarmos uma economia competitiva. Lula teve popularidade para avançar com as reformas e não as fez. Jair Bolsonaro turvou a liberalização da economia com os compromissos eleitorais – e, como já vimos acima, poderia ter um resultado diferente com uma agenda liberal.
Temos que manter e até ampliar os compromissos sociais - mas de forma a calibrarem a aceleração de investimentos. Em 2023, os investimentos no Orçamento da União serão de pouco mais de R$ 20 bilhões. É muito, muito pouco. Para se ter uma ideia, só São Paulo tem R$ 54 bilhões. É preciso avançar na pauta econômica e assim, de relance, aponto para dois caminhos importantes: o desenvolvimento radical do Turismo, com a geração de milhões de empregos e milhares de empreendimentos, e a reindustrialização do país.
O Brasil tem tamanho e capacidade para isso. É hora de “desideologisarmos” o país e partirmos para uma era de Nação adulta. Deixar de vez a preocupação de Lévi-Strauss, autor de ‘Tristes Trópicos’, que temia que o Brasil envelhecesse “sem jamais ter amadurecido”- o que é claramente o caso da Argentina.
O Brasil de Fernando Henrique Cardoso e de Michel Temer caminhava nessa direção do avanço econômico e social. Em São Paulo, o mesmo aconteceu com João Doria e Rodrigo Garcia nos últimos quatro anos. É só verificar que o crescimento econômico paulista foi cinco vezes maior do que o Brasil nos últimos três anos, de 2019 a 2021.
Precisamos que a capacidade política de Lula e a intermediação de Geraldo Alckmin leve o Brasil nesta direção; e que Jair Bolsonaro, na oposição, volte-se para a lógica de modernização do país defendida por Paulo Guedes – e com esse conjunto evitaríamos o receio da profecia de Lévi- Strauss.
Por isso também as falas políticas devem mudar. Adianta pouco buscar solucionar os problemas do Brasil com discursos de curto prazo que nos manterão em círculos viciosos de atraso. Discursos justiceiros e bravatas não colocarão o Brasil no rumo certo. Precisamos de parcimônia, inteligência, paciência e objetividade. É isso que o Brasil necessita ouvir de todos – e, repito, é o que o mundo espera de nós: sermos uma Nação madura, adulta.
Uma Nação de todos: trabalhadores, políticos, juízes, empresários, banqueiros, profissionais liberais, agentes públicos, professores e estudantes, sindicatos e entidades representativas, enfim, de todos - mas é preciso começar logo. E tudo começa pelo que se diz, e se faz. Precisamos de um rumo. Não precisamos de quem tenha mais razão - precisamos de união e direção.
O Brasil não é um país de falta de oportunidades, e sim um país que tem sido exímio em perder as tais oportunidades. E mesmo na aplicação de boas ideias se dedica a mal aplicá-las ou descontinuá-las - o que na prática equivale a fazer com que as boas ideias pareçam ruins e acabam indo para o final da fila. Agora é a hora de reverter tudo isso, ou a História nos cobrará um alto preço.