Vinicius Lummertz é ex-ministro do Turismo
Vinícius Lummertz
Vinicius Lummertz é ex-ministro do Turismo

Escrevo esta coluna ainda ouvindo os ecos de uma plateia de 235 mil pessoas que lotaram o Autódromo de Interlagos nos três dias de realização do GP São Paulo de F1, um evento que mais uma vez tivemos a oportunidade de estar na linha de frente, juntamente com a nossa equipe da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo. Foi recorde de público na história de Interlagos, que comemorou com a dobradinha Russel-Hamilton – este agora cidadão honorário do nosso país – os 50 anos do GP Brasil de Fórmula 1, superando em 28% o público de 2021, de 182 mil pessoas.

O recorde não chega a nos surpreender, mas as primeiras projeções davam conta de que esse aumento seria menor, em torno de 20%. Assim, enquanto no ano passado o GP São Paulo trouxe R$ 959 milhões de retorno para a Capital paulista, este ano deve ter superado significativamente as projeções do estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), feito em parceria com o CIET (Centro de Inteligência da Economia do Turismo), ligado à Secretaria de Turismo e Viagens, que previa esse retorno na casa de R$ 1,2 bilhão.

Esses números levam a dados muito importantes: 1) foram gerados 10 mil empregos e milhares de outros indiretamente; 2) Das 235 mil pessoas que estiveram no Autódromo, 75% delas eram de fora da Capital paulista e, dessas 75%, 10% eram do exterior; 3) esse afluxo de turistas fez com que os hotéis tivessem mais de 85% de média de ocupação, sendo de 100% nos hotéis de quatro e cinco estrelas.

Mas há outros resultados que merecem o pódio. Com o evento, São Paulo e o Brasil receberam cerca de R$ 80 milhões em impacto de mídia indireta, com uma exposição da marca GP São Paulo de F1 para 500 milhões de pessoas no planeta – lembrando que essa é uma nova marca, que veio com o novo momento da F1 no Brasil, iniciada no ano passado, quando se cogitou levar para o Rio de Janeiro.

Aliás, com a definição de São Paulo como a Capital da F1 no Brasil, veio também a Sprint Race, uma prova adicional, realizada aos sábados – e que só acontece em Monza (Itália), Silverstone (Inglaterra) e em Interlagos. Sem dúvida, a Sprint Race é fator fundamental para o aumento do afluxo de público no Autódromo e da audiência da F1 pelo mundo: de forma recorrente, 2 bilhões de pessoas ouviram ou ouvirão falar do Brasil e de São Paulo no pré, durante e no pós-evento.

São muitos os números que mostram o reflexo positivo dos grandes eventos para o Brasil. O Rio de Janeiro viveu recentemente um impacto profundo com o Rock in Rio. Os sete dias do evento geraram para a cidade um impacto de R$ 1,7 bilhão, segundo uma estimativa dos organizadores. Os 1.255 artistas, 300 shows e 507 horas de experiência ainda criaram 28 mil empregos diretos e atraíram 360 mil turistas de fora do RJ. De acordo com a Hotéis Rio, a ocupação hoteleira ficou em 94,51%.

A Fórmula 1 e o Rock in Rio são dois ótimos exemplos de como grandes eventos impactam positivamente a economia local. Mas ainda é muito pouco. É fato que temos eventos de menor porte ao longo de todo o ano, mas o Brasil tem condições de realizar diversos outros grandes eventos de força mundial. Não podemos ficar limitados a ações esporádicas. Além da economia, é uma ótima oportunidade também para “vender” a imagem do Brasil no exterior. No Rock in Rio, por exemplo, estiveram presentes mais de 10 mil estrangeiros de 31 países.

Para que isso seja viável, é preciso investir em infraestrutura, ter mais centros de convenção de alto nível espalhados por todo o Brasil e desburocratizar muitos processos, especialmente de licenciamento para a organização dos eventos. É um cenário em que todos ganham: os organizadores podem investir, o público aproveita bons eventos, os trabalhadores conseguem empregos e o governo arrecada mais impostos, que voltam em benefício de toda a sociedade.

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