Vinicius Lummertz é ex-ministro do Turismo
Alan Morici
Vinicius Lummertz é ex-ministro do Turismo

Com 10,9 mil quilômetros de litoral, o Brasil é um país acostumado a explorar suas belas praias para o Turismo. No interior do país, são milhares e milhares de quilômetros de rios que também poderiam ser utilizados para fomentar o Turismo em cidades menores. Um enorme potencial que ainda precisa ser melhor explorado.

São Paulo, por exemplo, tem 120 municípios mapeados com vocação para o setor. São 630 quilômetros de costa marítima, cerca de 4,2 mil quilômetros de rios navegáveis e mais de 50 reservatórios (lagos e represas), mas ainda com poucos atrativos turísticos para atender a esta vocação. Para mudar essa realidade, demos um passo importantíssimo para desenvolver o turismo náutico em diversas regiões do Estado.

Em uma iniciativa inédita, a Secretaria de Turismo e Viagens encampou um plano de desenvolvimento do turismo náutico de grande impacto que vai transformar a realidade de 13 municípios do interior do estado, localizados à beira de rios, lagos e represas. São eles: Avaré, Fartura, Pederneiras, Piraju, Sales, Timburi, Araçatuba, Mira Estrela, Pereira Barreto, Presidente Epitácio, Rosana, Rubineia e Três Fronteiras.

Com investimentos de R$ 18 milhões, essas cidades já começaram a implantação de estruturas como passarelas, píeres flutuantes e sistemas de ancoragem, todos em peças pré-montadas. Em terra, deck de madeira, pergolado, mirante, paisagismo e mobiliário urbano. São projetos que vão mudar completamente a realidade desses municípios.

Um estudo do nosso Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) mostra que o número de turistas e excursionistas, que atualmente não ultrapassa 1,7 milhão por ano nas 13 cidades, chegará a quase 6 milhões em dez anos. Em termos financeiros, a movimentação direta e indireta nestes municípios deve passar de R$ 2,5 bilhões para R$ 8 bilhões por ano no mesmo período.

Ao contrário do que muita gente ainda possa imaginar, esse não é tipo de Turismo voltado somente a pessoas ricas. Muito pelo contrário. Segundo o Fórum Náutico Paulista, 60% das embarcações no Brasil são pequenos botes, de alumínio ou até infláveis, utilizados para o lazer de final de semana ou por pescadores amadores e esportivos.

Mesmo no caso de grandes barcos, o desenvolvimento econômico é democrático, desde a sua construção até a manutenção rotineira. Um barco de 52 pés (cerca de 13 metros), por exemplo, emprega a mesma quantidade homens/hora que um prédio de três andares. Quando está ancorado em uma marina, são gerados empregos para manutenção mecânica, limpeza e conservação. Todo o entorno também se beneficia, com a instalação de comércio, restaurantes e hotéis.

Além disso, para desenvolver o turismo náutico é essencial cuidar dos nossos rios. Na capital paulista, por exemplo, o Rio Pinheiros está sendo devolvido aos moradores e visitantes. Em suas margens, foi criado o Parque Linear Bruno Covas. Com o avanço da despoluição, espaços de estar vão sendo abertos, como quiosques e, nos mais de oito quilômetros já disponíveis, crianças e famílias desfrutam do saudável lazer ao ar livre, com playground, pistas de caminhada e corrida.

O próximo passo é efetivamente transformar o trecho urbano do Pinheiros em um rio navegável e trazer o turismo náutico para dentro da capital paulista. Um projeto que estará concretizado muito em breve.

Esses exemplos paulistas mostram o grande potencial do turismo náutico para todo o país. Todos os nossos 26 estados – e até o Distrito Federal – têm vocação náutica, sejam praias, sejam rios, sejam lagos, que merecem o desenvolvimento turístico, com estruturação e divulgação nacional e internacional. O Brasil, como venho repetindo aqui, é a grande potência mundial do Turismo – e o turismo náutico está na linha de frente das nossas maiores vocações.

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