Um milhão de empregos e R$ 44 bilhões de impacto no Produto Interno Bruto do País. Este é o potencial dos parques naturais brasileiros, segundo estudo recente do Instituto Semeia. Para tanto, os 297 parques estaduais e nacionais deveriam receber 56 milhões de visitantes.
O desafio é grande e vale muito à pena. Em 2019, somados, os parques receberam 13,3 milhões de pessoas. Ou seja, sem a necessidade de grandes investimentos – a natureza já se encarregou do principal – e preservando o seu patrimônio natural, o Brasil pode multiplicar por quatro os resultados econômicos e sociais do ecoturismo. Raras iniciativas podem ser mais bem classificadas como sustentáveis que o encontro entre o meio ambiente e o turismo.
Os números do Semeia chegam em boa hora. Dão tangibilidade ao ecoturismo, permitindo demonstrar sua importância estratégica, principalmente no cenário de maior controle do coronavírus. Atividades ao ar livre ganharam o status de prescrição médica. Viajar faz bem para a saúde. Em contato com a natureza, melhor. É vacina no braço e mapa na mão.
Oito parques concentram 75% dos 13,3 milhões de visitantes. Isso dá a dimensão do potencial. Dois e meio ficam no Estado de São Paulo: o Horto e Jaraguá, na capital paulista, e o Serra da Bocaina, dividido com o Rio de Janeiro. Juntos somam 2,7 milhões de visitantes. Os dois primeiros podem ser considerados urbanos, usufruídos basicamente pelos residentes.
A geração de emprego, renda e movimentação econômica por meio dos parques naturais não têm contraindicação. No caso de concessões para exploração privada, caminho natural, a preservação, que poderia ser questionada, é parte da sustentabilidade do negócio.
Em 20 de janeiro o governador João Doria assinou a concessão dos parques da Cantareira e do Horto. A concessionária ficará responsável pela zeladoria, manutenção e operações dos serviços por 30 anos. Fará investimentos mínimos de R$ 45,5 milhões, sendo R$ 31 milhões até 2028. A estes somam-se outros seis já concedidos: Capivari e Horto Florestal (Campos do Jordão), Caminhos do Mar (Baixada Santista), Zoológico, Zoo Safari e Jardim Botânico (capital). Mais três estão na fila, sob a liderança da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente.
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O benefício público por trás da iniciativa é o alívio do erário: o governo deixa de gastar com os parques que, administrados pela iniciativa privada, ganham novos serviços e mais visitantes.
Em locais afastados, o incentivo e as melhores condições de visitação geram receita para as comunidades e, novamente, ajudam na preservação. Os turistas, ávidos por experiências tão variadas quanto possível – trilhas, esportes mais radicais, pesquisas, observação – são duplamente importantes: valorizam o bem preservado e pagam por isso.
Esse efeito benéfico é expansivo: hotéis, pousadas, restaurantes, transportes, comércio em geral são aquecidos. Empreendimentos são desenvolvidos, aumentando a atratividade e criando um poderoso ciclo virtuoso no qual todos ganham.
Os bons exemplos estão espalhados pelo planeta. Nos Estados Unidos, por exemplo, os parques naturais recebem 300 milhões de visitantes por ano, enquanto no Brasil o número é de pouco mais de 13 milhões. Só que os EUA têm três vezes menos cobertura vegetal e menos biomas que o Brasil. É um paradoxo que só vai ser resolvido quando parques naturais – assim como toda a dimensão do Turismo – forem prioridade governamental e ocuparem o centro da pauta no nosso país.
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