Vinicius Lummertz
Alan Morici/Divulgação

Vinicius Lummertz, ex-ministro do Turismo

O Cidadania deu no último sábado (19) um primeiro passo para aquilo que pode vir a ser uma reedição da Aliança Democrática, fator fundamental no processo de redemocratização do Brasil entre 1983 e 85 – sob princípios que nasceram no então PMDB, sigla que atraiu para o movimento quadros importantes do PDS, a antiga Arena, e que no futuro seria o PFL, que deu origem ao DEM e ao “novo” PSD de hoje.

O Cidadania aprovou uma federação com o PSDB, aliás, partido que nasceu do PMDB após a redemocratização. E a decisão do Cidadania foi no voto, como se caracterizam as decisões de um partido democrático. A tese do PSDB recebeu o maior número de votos diante da alternativa de aliança com o PDT e com o Podemos. Com isso, o Cidadania fica com 20% da governança da federação. O mecanismo permite que as legendas somem o desempenho de todos os candidatos. É bom lembrar que também foi no voto que o PSDB escolheu João Doria em prévias para ser seu candidato à Presidência da República.

A federação PSDB-Cidadania ainda depende de algumas articulações no ninho tucano, que devem se concluir dentro de alguns dias. Porém, o primeiro passo está dado e pode ser a abertura do caminho para novas federações democráticas que devem estar unidas numa 3ª Via para enfrentar a polarização Lula-Bolsonaro.

Estão avançando também as tratativas para a criação da federação partidária entre MDB e PSDB. É importante que a gente entenda do que se trata. O que conhecemos hoje são as coligações, temporárias e que se extinguem após as eleições. Já as federações têm natureza permanente — são formadas por partidos que têm afinidade programática e duram pelo menos os quatro anos do mandato.

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Outro ponto fundamental: as federações devem ter abrangência nacional, o que também as diferenciam do regime de coligações, que têm alcance estadual e podem variar de um estado para outro. Isso significa que a formação de uma federação tem impacto direto nas composições estaduais, como no meu estado de origem, Santa Catarina. Se for fechada a federação PMDB-PSDB os dois partidos terão que caminhar juntos no Estado não só nas eleições de outubro, mas também pelos próximos quatro anos.

O que reitero aqui é a responsabilidade que temos para com a escolha de governantes que possam consertar o Brasil e comprometidos a princípios democráticos, como a autonomia dos poderes e a liberdade de imprensa. E para quem imagina que a formação da Aliança Democrática nos anos 80 foi algo fácil e sem conflitos, basta lembrar que o país tentava se libertar de uma ditadura de duas décadas.

Foi com a união das forças democráticas, como agora acontece com PSDB e Cidadania, que o Brasil encontrou seu caminho há mais de 30 anos – e agora é a hora de reconstruir esse caminho em busca da prosperidade, da melhoria das condições de vida do povo e da pacificação do país.

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