
Os israelenses ouviram de seu governo repetidas vezes, nas últimas semanas, sobre o impacto poderoso que deveria ser esperado dos ataques iranianos. No entanto, há coisas na vida que é preciso sentir na pele para compreender sua extensão – e a população está francamente chocada com o impacto dos 10 mísseis balísticos que conseguiram transpor a defesa aérea israelense e atingir grandes centros urbanos (até agora).
Detalhe importante: enquanto Israel tem focado seus ataques em instalações militares e nucleares, o Irã lança seus mísseis sobre as grandes cidades israelenses, com o objetivo de causar o maior número de mortes de civis possível.
O resultado desses quatro dias de guerra é de 24 mortos até o momento, que se somam a quase 400 feridos hospitalizados e cerca de mil desalojados. O prefeito de Bat Yam, cidade vizinha de Tel Aviv atingida há dois dias por um míssil, anunciou que 61 edifícios foram gravemente atingidos e está programada a demolição de pelo menos 14 deles. É um panorama bem diferente do vivido nos últimos 20 meses na guerra contra o Hamas e o Hezbollah, uma vez que os armamentos utilizados são muito diferentes entre si.
“Um míssil normal pesa cerca de 200 quilos; já os mísseis balísticos iranianos têm entre 700 quilos e uma tonelada”, explica Uri Shacham, líder da equipe de resgates do Maguen David Adom. Além de mais potentes, eles atingem o alvo em maior velocidade provocando enorme destruição. “Quando um deles atinge um prédio, o impacto se reflete em toda a vizinhança”, explica.
Isso explica porque, apesar do alto índice de interceptação (chega a 95%), as cenas resultantes são muito mais terríveis. Quando as equipes de resgate chegam ao local, há centenas de pessoas pelas ruas, dezenas delas feridas. São ataques muito mais complexos e exigem uma ótima coordenação entre as forças de defesa.
As equipes de resgate da entidade Maguen David Adom (Estrela Vermelha de Davi) trabalham em sintonia com as da Defesa Civil e o Exército. Enquanto a primeira faz o atendimento inicial e encaminhamento dos feridos aos hospitais, a Defesa Civil se ocupa em rastrear toda a área atingida para checar se existem pessoas sob os escombros, mantendo contato com o Exército para garantir proteção às equipes caso um novo ataque esteja a caminho. São necessárias até duas horas para que todos os atingidos sejam evacuados da área.
“Tel Aviv tem sido alvo constante. É uma cidade com muitas famílias jovens com crianças pequenas. E quando um míssil atinge o solo, tudo chacoalha. As pessoas entram em choque. Há diferentes tipos de ferimentos: seja por inalação de fumaça, estilhaços, queda de estruturas etc.”, explica Shacham. No entanto, ele ressalta, a maior parte dos feridos graves e mortos foram encontrados fora de áreas protegidas, com exceção de duas que faleceram no ataque desta madrugada dentro do quarto de segurança de seu apartamento, o qual não suporta um choque direto de um míssil balístico.
Há um longo caminho pela frente até que possamos vislumbrar um Oriente Médio diferente, mais seguro para o mundo e menos ameaçador para Israel – mas chegaremos lá.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG