Senhora Erna Solberg, primeira-ministra da Noruega, aproveito nosso encontro para dizer à senhora que em nosso país grassam mentiras, por isso proveito a viagem para contar a V. Excia. como as coisas realmente funcionam por lá. Em primeiro lugar, cumprimento-a pelo corte na verba destinada à preservação da Floresta Amazônica.
De fato, a senhora tem razão, uma vez que nosso governo provavelmente não sabe o que teria sido feito da polpuda verba que a senhora nos manda todo ano, agora reduzida à metade, apenas 200 milhões de reais.
Vou convocar uma CPI para apurar a questão. Lembrando que a CPI do Congresso, aberta antes de começarem as delações premiadas, chegou à conclusão de que não havia irregularidades na Petrobras, embora a empresa estivesse sendo devorada pelos governos do PT.
Todo mundo que participou do saque da nossa maior estatal está na cadeia. Menos os políticos, o Judiciário e o pessoal com cargos de ministro de Estado. Esses têm um benefício chamado ‘foro privilegiado’, que serve, na origem, para que os legisladores e membros do Judiciário não sofram pressões. Mas agora, deputados e senadores não podem ser presos, mesmo por crime comum.
General Heleno gostaria que eu lhe desse um recado: “O Brasil não mais aceitará qualquer recurso da Noruega, ou de qualquer outro país para nos auxiliar a não desmatar a Amazônia”.
Também não é para a senhora encher a boca para falar dos 200 milhões. É preciso lembrar que só a turma do Joesley Batista — que andou me traindo no Brasil —, deu de propina para políticos, segundo ele mesmo, 600 milhões de reais nos últimos cinco anos. Digo isso sem querer minimizar a importância do seu corte de verba, apenas para que a senhora saiba dos números com que nos acostumamos no Brasil.
Para mim mesmo, inventaram uma história, com o companheiro Loures: teríamos propina semanal, no valor de 500 mil reais, por 25 anos, em troca de benefícios no Cade, que cuida desses assuntos de monopólios e afins. Mas tem também o Carf, órgão federal que cuida de quem reclama da cobrança de impostos.
Agora mesmo, um bancão brasileiro teve perdoada no Carf dívida com a Receita Federal de 25 bilhões de reais. Tudo no Brasil é grande, senhora primeira-ministra.