O microplástico já chegou aos órgãos reprodutores masculinos
Nathan Vieira
O microplástico já chegou aos órgãos reprodutores masculinos


O impacto da contaminação por  microplásticos vai muito além do que se imagina. O corpo humano tem sido um grande hospedeiro desse contaminante. E engana-se quem pensa que esse derivado do petróleo atinge apenas o sistema digestivo e respiratório, que são os que mais entram em contato com o meio ambiente. Para surpresa até dos médicos, esses materiais, que podem inclusive provocar o câncer, foram encontrados até em testículos humanos.

Publicado na revista Toxicological Sciences e conduzido por pesquisadores da Universidade do Novo México, nos EUA, o estudo analisou 23 órgãos sexuais de homens e 47 de cães. Partículas de plástico foram encontradas em todas as amostras.

“Além do ar, os fragmentos acabam na cadeia alimentar, sendo ingeridos por organismos marinhos como os peixes. Consequentemente, ao consumir frutos do mar, estamos potencialmente ingerindo microplásticos”, aponta o professor e biólogo brasileiro Paulo Jubilut.

Dieta plastificada

Um estudo da Universidade de Auburn (EUA) revelou que a contaminação por alimentos provoca a ingestão uma média anual de 39.000 a 52.000 fragmentos por pessoa. Além disso, uma pesquisa da Associação Americana do Meio Ambiente detectou microplásticos na água potável em várias partes do mundo. Isso sem contar com as partículas suspensas no ar que respiramos.

“Já foram encontrados no sangue, pulmões, placenta e até no coração. Pesquisas indicam que esses fragmentos podem causar reações alérgicas, morte celular e interferir no desenvolvimento de células-tronco pulmonares. Embora os estudos sejam preliminares, há preocupações de que possam provocar inflamações e até câncer”, alerta Jubilut.

Um estudo publicado na revista Nature, que é uma das conceituadas da área científica, mostra que microplásticos podem ser encontrados em todos os ambientes da Terra, desde os picos das montanhas até as profundezas dos oceanos. Suas origens são diversas: embalagens, partículas no ar e a degradação de plásticos maiores, que, conforme se fragmentam, transformam-se em microplásticos.

Além dos impactos à saúde, os microplásticos têm consequências devastadoras para o meio ambiente. Estima-se que, todos os dias, 2 mil caminhões de lixo cheios sejam despejados em oceanos, lagos e rios. Para mitigar esse problema, é crucial desenvolver produtos reutilizáveis, investir em biotecnologia para degradar o plástico existente, criar leis para garantir a reciclagem e o retorno desse material através de programas de logística reversa. Produtos biodegradáveis e a eliminação de plásticos de uso único também são passos importantes.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!