Quando a direita e a esquerda pensam igual: orgulho de ser brasileiro e emergência climática
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Quando a direita e a esquerda pensam igual: orgulho de ser brasileiro e emergência climática


Em um Brasil cada vez mais polarizado, existe pelo menos dois fatores que unem tanto a esquerda quanto a direita em um coro só. Um desses pontos de convergência é o nacionalismo, o amor pelo país, sentimento compartilhado por 79% da população. O outro fator que nem os negacionistas conseguem mais ignorar é a presente crise climática sentida por 97% das pessoas.  


O estudo "Na Raiz do Brasil" indica praticamente um consenso em torno da importância da agenda ambiental. As pessoas demonstram um profundo apreço pela natureza, com 45% considerando-a um dos principais motivos de orgulho nacional. Na sequência, demonstra vaidade em relação a culinária (19%), pelo caráter dos conterrâneos (18%), pelo desempenho no futebol (6%), pela música (5%) e pela cultura (1%).

Essas e outras informações fazem parte da sondagem realizada em todo o país pela ONG Morada Comum e o Instituto Quaest. Teve como objetivo traçar um panorama da sociedade brasileira e identificar temas que unem a população.

"Para encontrar soluções para as mudanças climáticas, é fundamental que a maioria da população não apenas entenda que essa crise existe, mas também participe para que possamos buscar saídas." – justifica Nathalia Rocha, diretora da Morada Comum.

Revalorização da Saúde e da Educação

Os índices provam que certos posicionamentos mudaram ou tiveram percepções equivocadas como a ideia de que a ciência e a educação estavam desvalorizadas e desacreditadas pela sociedade.

Os dados coletados mostram que a maioria (quatro em cada cinco brasileiros) demonstra a importância ao concordar que a oferta desses serviços básicos, deve ser responsabilidade do Estado e não da iniciativa privada.

Sete tipos de brasileiros

O estudo identifica sete perfis dominantes entre os brasileiros: o defensor de um Estado forte (23%), o otimista solidário (9%), o desiludido com a política (12%), o empreendedor pragmático (12%), a mãe de família religiosa (26%). A sondagem identificou dois outros grupos menores, mas que ficam em evidência devido aos constantes conflitos e divergências ideológicas. E por conta desses confrontos acabam sendo mais ruidosos, passando a impressão de serem maiores do que a realidade. Trata-se do engajado progressista (8%) e o defensor da pátria e da família (10%).

Por outro lado, a maioria da população se encaixa em cinco grupos mais discretos de visões moderadas, que convivem pacificamente com suas diferenças e evitam confrontos políticos. Ou seja, os radicais são minorias barulhentas e não representam volume mais significativo da população.

Para a elaboração das análises, foram considerados como critérios preponderantes dos comportamentos, a influência religiosa e as visões sobre o papel do Estado.

"Ao analisar o país a partir de suas nuances, identificando os pontos mais latentes de cada uma das peças deste mosaico que é o Brasil, nosso objetivo foi tentar entender qual a contribuição que cada segmento poderia trazer para a discussão sobre enfrentamento das mudanças climáticas e quais as soluções que poderiam emergir de seus valores e prioridades." – complementa Nathalia Rocha.

Recado para os políticos:

O documento pode servir de alerta para as campanhas dos futuros candidatos aos cargos eletivos. O desinteresse sobre o tema pode dificultar a conquista do eleitorado, já que apenas 15% estão muito interessados em política, 30% estão mais ou menos, 25% dão pouca importância e 29% demonstram parecer evitar o assunto.

O documento mostra uma sensação de pessimismo em relação ao futuro. Para 78% os valores da sociedade estão mudando muito rápido, 92% consideram que o Brasil está se tornando cada vez mais perigoso e 62% temem pelas próximas gerações acreditando que viverão em um mundo pior.

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