Arquivo: Amazônia vista de cima
Agência Brasil
Arquivo: Amazônia vista de cima

A "Cúpula da Amazônia", que reúne líderes e representantes dos oito países sob a alçada da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), trouxe à tona uma série de desafios e divergências na busca por soluções sustentáveis para a região.  

O documento elaborado reflete a intenção de fortalecer a cooperação regional para preservar a floresta amazônica e promover seu desenvolvimento sustentável, mas carece de metas concretas para enfrentar dois dos problemas mais significativos e impactantes: desmatamento e exploração de combustíveis fósseis e mineração. 

Desmatamento 

A "Carta de Belém" enumerou mais de 100 compromissos para as nações do bloco verde , no entanto, a falta de metas específicas para combater o desmatamento e a estipulação de prazos enfraquece a força desse documento. 

Apesar das aspirações do presidente brasileiro em liderar uma iniciativa de "Desmatamento Zero" até 2030, a "Cúpula da Amazônia" não conseguiu obter a adesão unânime dos signatários. A resistência velada, especialmente da Bolívia e Venezuela, obscureceu a inclusão desse prazo no documento final.

O cancelamento da presença de Nicolás Maduro , alegando uma infecção nos ouvidos, agravou as dificuldades enfrentadas e na chegada a um consenso que resultaria em acordos mais amarrados e efetivos.  

Lula, Petro e a disputa energética 

O Brasil se esquivou da proibição total da exploração de petróleo, em favor de seus interesses econômicos. Essas divergências políticas criaram uma barreira para a criação de metas claras e ambiciosas, minando a força da "Carta de Belém". 

A tensão crescente entre os líderes regionais neste quesito ficou evidente no confronto de posicionamentos entre o presidente colombiano, Gustavo Petro , e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Petro vem criticando os países vizinhos por não assumirem compromissos mais firmes contra a exploração de petróleo, argumentando que interesses econômicos estão obscurecendo a política e a ciência.  

A Venezuela é uma das mais combativas em abandonar o tradicional combustível. Enquanto o colombiano defende uma transição direta para fontes de energia renovável, Lula buscou uma abordagem mais flexível em relação aos combustíveis fósseis. 

Ou seja, o Brasil, como país anfitrião, expôs sua contradição e fragilidade em sua política ambiental. Ao mesmo tempo que pretende galgar o protagonismo ambiental internacional e da luta contra o 'Aquecimento Global' e as 'Mudanças Climáticas', mas não quer abrir mão dos dividendos provenientes dos combustíveis fósseis e de sua participação na Petrobrás .  

Essa dicotomia se estende para dentro do próprio governo brasileiro, onde a Petrobras e órgãos federais ambientais protagonizam uma disputa acirrada. Isso se intensificou com a descoberta de uma vasta reserva offshore de petróleo próximo à foz do Rio Amazônia, aumentando a complexidade das decisões a serem tomadas. 

Em busca de soluções sustentáveis 

Apesar das divergências e obstáculos, a "Cúpula da Amazônia" teve como objetivo retomar a cooperação entre os países amazônicos e outras nações que compartilham florestas tropicais. A "Declaração de Belém", embora careça de metas claras para combater problemas cruciais, reflete a consciência sobre a urgência da cooperação regional para evitar um ponto de não retorno na Amazônia.  

O evento continua em Belém, agora com uma cúpula ampliada. Ela inclui outras nações que têm florestas tropicais, como: República do Congo, República Democrática do Congo e Indonésia.  A Noruega e a Alemanha foram incluídas na plenária estendida por serem os maiores financiadores do Fundo Amazônia. 

As discussões continuam na cúpula ampliada na busca por soluções sustentáveis para garantir um papel central no cenário internacional. O Brasil que assumiu a presidência do G20 durante a COP-28 será a sede da próxima COP-30. A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), acontecerá em novembro de 2025, também em Belém, capital do Pará.

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