Sem as restrições provocadas pelas Covid-19, esse promete ser o Carnaval da Recuperação. Os índices positivos desde o início do verão enchem de otimismo os pontos turísticos mais fortes do país. Essa expectativa aumenta ainda mais pelo histórico desse feriado ser marcado por viagens de última hora em reservas com pouco tempo de antecedência.
A cidade do Rio de Janeiro já trabalha com a perspectiva de 100% de ocupação hoteleira. Belo Horizonte deve registrar 62% e a capital de São Paulo, em torno de 55%. No entanto, a situação é melhor em alguns destinos do interior e do litoral paulista.
Pelo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, os dados em geral são animadores.
“Já estamos alcançando bons índices, mas eles tendem a aumentar até sexta feira (17/02) início do Carnaval, pois o turista nacional deixa para fazer as reservas na última hora”, acredita Manoel Linhares, presidente da ABI.
Imóveis por temporada
Os aplicativos de estadias também estão bombando, como Airbnb e Booking. As locações de imóveis mobiliados para esse período já chegavam a marcar 90% em janeiro.
“Sabemos que o Carnaval no Rio atrai milhões de turistas. Neste ano notamos que com o retorno dos blocos de rua, houve um aquecimento na procura por apartamentos para hospedagens mais flexíveis.” comenta Leonardo Morgatto, CEO da proptech Tabas que trabalha com locações temporárias mobiliadas.
Já a Booking coloca a capital fluminense (em primeiro lugar) e Búzios (na quarta posição) entre os destinos mais buscados por estrangeiros em sua plataforma. A Cidade Maravilhosa também está na liderança entre os destinos procurados pelos próprios brasileiros no período entre 17 e 22 de fevereiro.
Portão de entrada
Além da capital, o restante do estado do Rio também está num momento de superação. Muitos chegam pela capital fluminense e depois seguem para o restante do estado ou outras regiões brasileiras. Os destaques são: a Região dos Lagos e além de Angra dos Reis e Paraty – na Costa Verde – que também devem chegar a lotação máxima. Nas Regiões Serrana e o no Centro-Sul fluminense, os índices de ocupação devem superar os 85%.
Atrações Cariocas
Conhecido internacionalmente como um dos maiores eventos do planeta, o Carnaval carioca promete entregar, em 2023, uma festa para reiterar esse título. Com o retorno oficial dos blocos de rua, a celebração do Rei Momo na Cidade Maravilhosa vai oferecer opções para todos os tipos de foliões.
Além do Carnaval de rua e desfiles na Sapucaí, os turistas poderão aproveitar eventos privados em clubes e hotéis.
"Este é o primeiro Carnaval sem qualquer restrição desde a pandemia, muito aguardado pelo trade turístico e pelos próprios foliões. Os números já mostram um fluxo de turistas muito satisfatório para a nossa cidade, e que terão impacto direto na nossa economia", disse Carlos Werneck, presidente-executivo do Rio CVB/VisitRio.
Esse ano, o tradicional Baile do Copacabana Palace retorna com o tema "Túnel do Tempo 1923-2123" para comemorar os 100 anos do hotel, em uma programação que conta com a apresentação do Cordão do Bola Preta, Serjão Loroza e banda, além de Djs renomados. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes estima um crescimento de 20% no faturamento na comparação com o ano passado.
Apesar dos eventos sazonais ligados a festa, os tradicionais pontos turísticos também mantém alta na procura neste período, como o Bondinho Pão de Açúcar, Corcovado, a roda gigante Yup Star e o AquaRio. A projeção é de aumento de 50% de público em relação a 2022 e 15% acima de 2019. O setor comemora ainda que muitos anteciparam a chegada ao Rio para aproveitar o pré-carnaval e vão ficar até o fim da folia.
"Esse movimento de long stay, quando o turista fica um período maior na cidade, é excelente para todo o setor. E isto está acontecendo este ano" explica Roberta Werner,diretora-executiva do Visit.Rio.
Sudeste
Na Região Sudeste, o Espírito Santo é o segundo lugar mais procurado com a expectativa de ocupar 90% de sua capacidade. Os aeroportos Internacionais do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte contarão com evento festivo para recepcionar os turistas que chegarem por seus terminais. Ao sair do avião os turistas já vão cair no samba no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Nos dias 16 e 17 de fevereiro, um pocket show do Carnaval Experience, com a apresentação de um casal de mestre-sala e porta-bandeira, vai receber os visitantes. O mesmo vai acontecer no Porto do Rio para receber os visitantes que chegam com os Cruzeiros.
"Queremos receber bem o turista que escolhe a nossa cidade para celebrar a data, levando um pouco da nossa festa até ele, para que sua experiência tenha início assim que ele desembarcar", disse Werneck.
Nordeste
Os destaques são para os tradicionais carnavais da região: da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, que devem beirar 100%. Em seguida, Sergipe (90%), Alagoas (83%), Ceará e Maranhão (80%), Paraíba (75%) e Piauí (69%).
Centro-Oeste
Goiás também apresenta números animadores: as cidades de Caldas Novas (100%), Rio Quente (98%), Pirenópolis (90%) e Aruanã (70%) são os destaques, enquanto a capital Goiânia deve ficar em 45%, mesmo número do Mato Grosso. Já no Mato Grosso do Sul, em Bonito, a expectativa é de 85% e na capital Campo Grande é de 40%. Em Brasília, deve ficar em torno de 25%.
Norte
No Acre, o índice deve chegar a 70%. No Pará, o interior está no mesmo patamar que a capital, Belém, em 15%. Já no Amapá, a expectativa é de 40% dos apartamentos ocupados, enquanto no Tocantins é de 30%.
Sul
Nas praias gaúchas, os hoteleiros trabalham com a expectativa de ocupar todos os quartos, enquanto Gramado e Canela devem ficar em 80% e Bento Gonçalves com 70%. Em Santa Catarina, Florianópolis tem expectativa próxima a 100%, seguida da Costa Verde & Mar (90%), Vale do Contestado e Caminho dos Príncipes (80%) e Alto Vale (78%). Já no Paraná, a estimativa é chegar a 60%.
O panorama positivo não é o mesmo em todo o país. Enquanto algumas regiões mostram-se em plena recuperação, outras apresentam um movimento mais lento de retorno aos patamares anteriores.
“No primeiro Carnaval após a pandemia, estamos chegando a índices próximos aos do carnaval de 2020. A recuperação da hotelaria nacional, porém, ainda não está consolidada e será lenta, pois no período da pandemia 80% dos hotéis ficaram fechados e os 20 % que permaneceram em operação registram ocupação entre 5 a 8%.”, comentou Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional.