O Dia Nacional de combate ao Trabalho Escravo, 28 de janeiro, chega em meio ao escândalo do abandono e o descaso com o povo indígena Yanomami que desde a chegada do europeu por aqui, em 1500, vem sobrevivendo a todo o tipo de dizimação, inclusive resistindo a serem escravizados. Os números mostram que a Lei Áurea assinada em 1888 pela Princesa Isabel nunca foi plenamente praticada.
A existência de pessoas escravizadas até os dias de hoje e o escândalo envolvendo o tratamento dado aos povos indígenas não são casos isolados. Estão intrinsicamente relacionados: os direitos humanos nunca foram para todos aqui no Brasil. Isso ficou muito claro agora com o episódio dos atentados em Brasília, de grupos que criticavam justamente essas garantias humanitárias, mas as reivindicaram quando passaram para o outro lado do balcão e foram presos.
Aumento da escravidão
O Brasil registrou 2.575 pessoas em situação análoga à escravidão no ano passado, um recorde desde 2013, segundo dados do Ministério do Trabalho. O saldo é de mais de 60 mil trabalhadores resgatados desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel.
Levando em consideração o extremo isolamento de algumas aldeias, o abandono por parte do governo, às invasões violentas e facilitadas de mineradores, empresários do agro e madeireiros não são raros relatos que apontam que não estão tendo somente suas terras invadidas: sob mira de armas são obrigados ainda a cooperarem como mão de obra ou com os conhecimento da região.
Não são raros casos de mulheres e meninas serem estupradas para satisfazerem sexualmente esses marginais invasores. Um relato emblemático foi de três indígenas Guarani-Kaiowá de 23, 20 e 14 anos foram resgatados de condições análogas às de escravo em uma área de produção de eucalipto em Ponta Porã (MS) justamente no Dia dos Povos Indígenas.