À mesa, em pronunciamento, hacker Walter Delgatti Neto
Edilson Rodrigues/Agência Senado
À mesa, em pronunciamento, hacker Walter Delgatti Neto


O hacker Walter Delgatti fez uma série de revelações nesta quinta-feira (17) durante seu depoimento à CPMI dos Atos Golpistas e confrontou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Porém, se hoje o clima é de rivalidade, no passado não era assim. Delgatti já confessou ter sido um grande defensor da Operação Lava Jato.

Em junho de 2021, em depoimento à Polícia Federal, o hacker explicou quais motivos o fizeram revelar em 2019 conversas do ex-juiz com procuradores da Lava Jato, o que ocasionou no surgimento da ‘Vaza Jato’.

Estudante de Direito, Delgatti teve o interesse de invadir o celular do Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa de Curitiba, porque se “identificava muito”, com o ex-deputado federal, cassado neste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral.

"Eu apoiava a Lava Jato. É só ver meus posts nas redes sociais, em Facebook, que eu sempre apoiei a Lava Jato. Eu era contra PT, contra Lula, e apoiava o Sérgio Moro, o Deltan", disse o hacker na ocasião.

Porém, após ler as mensagens, ele passou a acreditar que a Lava Jato era um “mal ao país”. “Quando eu acessei as conversas, comecei a ler, a entender aquilo, e vi o que realmente estava acontecendo, os crimes que eles cometeram”, revelou.

"Eu apoiava aquilo, mas enxergando o mal que eles fizeram eu me senti obrigado a pegar essa mensagens e entregar a autoridades, não a mídia. A minha meta nunca foi a mídia", contou, explicando que procurou a PGR.

Porém, ao perceber que não recebeu atenção das autoridades, Delgatti entregou as conversas para o jornalista Glenn Greenwald, por meio da ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB).

"Eu queria justiça e entregar isso à Justiça. Depois disso, que eu vi que era sem sucesso, eu acabei entrando em contato com a Manuela D'Ávila, ela me passou o jornalista, que eu entreguei a ele o material e foi publicado. Antes do Glenn, eu tentei entregar isso à Justiça", relatou.

Hacker x Moro

Durante o depoimento prestado à CPMI dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Walter Delgatti chamou o senador Moro de "criminoso contumaz". Moro, então, retrucou, chamando Delgatti de "bandido" por ter invadido seu celular.

Na CPMI, Moro citou condenação de Delgatti pelo crime de estelionato, e perguntou ao hacker quantas vítimas ele teria prejudicado. Em resposta, Delgatti disse:

"Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive, equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT. Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes".

Irritado, Moro disse que "bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado". Em seguida, o senador perguntou "O senhor é inocente como o presidente Lula, então?".

Delgatti, então, retrucou Sergio Moro, afirmando que Moro só não foi preso "porque recorreu à prerrogativa de foro por função". O senador Cid Gomes (PDT-CE), que presidia a sessão, pediu respeito aos dois, e deu sequência à sessão da comissão.


Nova polêmica

Ele trouxe à tona nesta quinta informações que implicam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) em uma série de atividades controversas.

Durante seu depoimento, Delgatti declarou que Bolsonaro teria oferecido um indulto em troca de seus esforços para manipular as urnas eletrônicas e colocar em dúvida a legitimidade das eleições. Além disso, o hacker afirmou ter recebido sugestões para participar de escutas ilegais envolvendo o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo o depoente, ele se reuniu com o ex-presidente no Palácio do Alvorada e posteriormente no Ministério da Defesa, onde detalhes técnicos dessas atividades foram discutidos.

Delgatti admitiu que conseguiu comprovar à Polícia Federal sua participação na invasão ao CNJ, levando à inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A informações foi dada pela GloboNews.

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