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Suplicy quer diplomacia com Tarcísio e nega desavença no PT

Deputado estadual com mais votos na última eleição, petista quer usar experiência no Senado para fortalecer oposição na Alesp

Foto: Rodrigo Costa/Alesp
Suplicy está em seu primeiro mandato como deputado estadual por São Paulo

Eduardo Matarazzo Suplicy dispensa apresentações na política brasileira. Senador, deputado federal, vereador e agora deputado estadual por São Paulo, eleito com maior número de votos no pleito de 2022.

Aos 81 anos, o petista não é visto mais com aquele vigor que ficou conhecido por suas fortes declarações a favor da esquerda no Senado. Mas ao subir na tribuna da Alesp , a sensação é de um garoto novato na política.

Suplicy recebeu o iG em seu gabinete para uma entrevista. Em uma sala ainda improvisada, ele comentou sobre seu retrospecto político e suas expectativas políticas.

Para o deputado, a diplomacia com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) será necessária para manter o bom andamento do Legislativo e do estado de São Paulo. O político, porém, voltou a bater na tecla contrária a privatização da Sabesp.

“Eu espero ter com o governador Tarcísio de Freitas uma relação de respeito, construção. Em muitos momentos teremos opiniões divergentes, mas eu espero que haja um respeito entre nós. Será o meu procedimento e espero que seja da base do governo também”, disse.

“Nós temos, já de início, algumas divergências, por exemplo, nós do PT , assim como o PSOL e de outros partidos da oposição, somos contrários a privatização da Sabesp. Não temos garantias de que o serviço irá melhorar passando para o setor privado. Avaliamos que o adequado é que a Sabesp , como empresa pública, pode manter o benefício do saneamento básico para grande parte das cidades e, claro, [a empresa] precisará ter o acompanhamento da Alesp para apontar limitações, erros e tudo”, concluiu

Outro assunto que incomoda o petista é a redução da maioridade penal. Ele disse que manterá seu voto contrário caso Tarcísio envie uma proposta para a Alesp.

Entretanto, Suplicy ressaltou que focará no trabalho da revitalização da Cracolândia e exaltou as conversas que teve com o vice-governador, Felício Ramuth.

“Outro exemplo é que, durante a campanha eleitoral, notei que a certa altura o Tarcísio de Freitas expressou que é a favor da diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos. Quando eu fui senador, votei contrariamente a ideia discutida na Casa e continuarei votando aqui com muita veemência”.

“Eu conversei com o Ramuth e ele teve um bom diálogo conosco sobre a Cracolândia. Eu comandava na Câmara [de São Paulo] um projeto para cuidar dessa questão e manterei o trabalho aqui na Alesp. Vamos continuar conversando com comerciantes, moradores e até vamos organizar uma palestra com Drauzio Varella sobre o tema”, completou o deputado.

Na visão do parlamentar, a oposição na Alesp deve ser mais forte neste ano que nos anteriores e acredita que novas lideranças devem surgir. O parlamentar acredita que a potência do grupo de esquerda pode sufocar pautas polêmicas, como a reforma administrativa.

“Os trabalhos começaram praticamente há duas semanas. De lá para cá, se você contar quantos deputados estaduais da base do governo falaram e quantos da oposição, eu estimo que nós da oposição estamos falando cerca de duas vezes mais. Ou seja, estamos nos mostrando, estamos falando e tendo iniciativas”, afirmou.

“O Tarcísio quer introduzir o sistema de medidas provisórias e nós estamos nos opondo a isso. Dizendo que será muito mais adequado continuar com o sistema de projetos de lei, que são regularmente apresentados e examinados por todo o conjunto da base do governo e da oposição”.

Os 807 mil votos de Eduardo Suplicy no pleito passado chegaram a espantar a cúpula petista, já que o número poderia ter alavancado a quantidade de parlamentares na Câmara dos Deputados. Olhando para um exemplar de seu livro, Suplicy lembra da conversa com Lula sobre as eleições do ano passado e, questionado sobre os motivos de não ter se candidato a um cargo em Brasília, o petista foi enfático.

Foto: Rodrigo Costa/Alesp
Eleito com 807 mil votos, Eduardo Suplicy terá a missão de fortalecer o PT e a oposição na Alesp

“Lula me pediu. Ele disse que queria fazer uma dobradinha com o Haddad. Infelizmente, o Fernando não ganhou aqui, mas eu fui eleito como único deputado dessa legislatura a ser votado nas 645 cidades do estado”, disse Suplicy, orgulhoso.

O parlamentar aproveitou para elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas cobrou a implantação da Renda Básica Universal, uma de suas principais demandas desde quando era senador.

“Ele tem feito um bom trabalho. Mas ainda cobro a promessa do presidente Lula sobre a Renda Básica. O Bolsa Família voltou e fico feliz de o governo estar em debate junto aos deputados. Há, inclusive, uma comissão que estará a Renda Básica”.

Mágoa com o PT

Suplicy foi questionado sobre uma possível mágoa com o Partido dos Trabalhadores (PT) ou se sentira que foi deixado de lado pela legenda. Ele refutou a possibilidade e disse ainda mantém boa aproximação com Lula.

Ele foi lembrado do lançamento do programa de governo de Lula, em junho do ano passado, quando foi ignorado pelo coordenador da proposta, e atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante. Na época, Suplicy cobrou o programa de Renda Básica no projeto, mas Mercadante não deixou que o petista falasse no palco.

O deputado disse ter superado a questão e afirmou que as relações com o ex-ministro de Dilma Rousseff estão “apaziguadas”.

“O Aloizio Mercadante falava de diversos pontos principais do programa e nesses quinze tópicos não constava o programa de Renda Básica. Me levantei e questionei os motivos de a renda básica não ter sido lembrada”, afirmou.

“Depois ele me explicou que o Bolsa Família seria o início para a criação de uma renda básica e me mostrou que a ideia estava dentro do tópico que tratava do Bolsa Família. Portanto, nós estamos apaziguados”.

Entretanto, ele demonstrou chateação ao não ser lembrado para o lançamento do plano de governo de Lula. Ele conta que foi ao evento após o convite de um amigo.

“Eu não fui convidado para o lançamento do plano de governo. Eu e nenhum dos oito vereadores da Câmara Municipal. Eu não estava sabendo do evento. Um amigo meu me chamou e disse ‘você vai amanhã lá no anúncio’, me passou o endereço e fui”, disse.

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