Deputada diz que sofreu mais de 'dez casos' de racismo na Alesp

Thainara Faria protocolou uma representação na Corregedoria da Alesp e outra no Ministério Público de São Paulo que se investigue os casos

Thainara Faria, deputada estadual do PT  (SP) j denuncia casos de racismo na Alesp
Foto: Arquivo pessoal
Thainara Faria, deputada estadual do PT (SP) j denuncia casos de racismo na Alesp

A deputada estadual Thainara Faria (PT) denunciou, publicamente, ter sido vítima de racismo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) -- em mais de dez episódios , desde que assumiu o cargo, em março deste ano.

Em um dos casos, ocorrido na última sexta-feira (25), durante uma solenidade da deputada Leci Brandão, Thainara foi impedida por uma servidora de assinar a lista de presença dos deputados, sob a alegação de que "esses livros são só para deputados".

A deputada negra mostrou seu bóton de identificação de parlamentar, assinou o livro e, em seguida, deu entrevista à TV Alesp, momento em que ouviu a servidora reclamando para outra deputada: "é difícil".

Revoltada, Thainara retornou até a servidora e a confrontou: "é difícil ser confundida todos os dias nessa Casa".

A deputada contou que, pela manhã, havia solicitado às suas assessoras o bóton de identificação que havia esquecido em casa, mas num primeiro momento, o pedido foi negado. Ela insistiu e resistiu, até que acabou recebendo o acessório amarelo.

Foto: Divulgação
Thainara Faria, deputada estadual do PT (SP) já sofreu ameaça de morte durante evento LGBTQIA+ em Brasília

"Eu pedi o bóton para que eu não precisasse passar racismo. Porque não estão acostumados com mulher preta, jovem, de 28 anos, circulando por essa Casa. Eu sabia que por estar de trança seria confundida, queria evitar esse tipo de situação", disse a deputada, que chorou na tribuna ao lembrar dos episódios.

"Dói muito toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata. E eu não quero que mais ninguém passe por isso", completou.

Na cerimônia de posse dos deputados no plenário, Thainara entrou no plenário  porque outros funcionários a reconheceram e intervieram na confunsão

Além do episódio da última sexta-feira, Thainara relatou que durante a cerimônia de posse na Alesp, foi confundida diversas vezes com outras pessoas e que uma policial e uma servidora pediram para que ela liberasse o caminho para que os deputados pudessem passar, mesmo após afirmar que era uma deputada eleita.

A deputada protocolou uma representação na Corregedoria da Alesp e outra no Ministério Público de São Paulo para que os casos sejam investigados.

O presidente da Alesp, André do Prado (PL) , se solidarizou com Thainara Faria e afirmou ter determinado "de imediato" providências ao Secretário Geral Parlamentar , que substituiu a funcionária pública envolvida no episódio de sexta-feira. O caso será avaliado em âmbito administrativo.

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