A armadilha política em torno de Haddad

Ministro da Fazenda vive queda de braço com membros do PT

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante cerimônia de posse no cargo
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante cerimônia de posse no cargo


O ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) passa por uma fritura dentro do governo Lula ( PT ). Líderes do Partido dos Trabalhadores não escondem a insatisfação com as ações do ex-prefeito de São Paulo e trabalham nos bastidores para diminuir sua influência no Palácio do Planalto.

Haddad trabalha na formatação do arcabouço fiscal e tem negociado com o parlamento para que o projeto seja aprovado. O comportamento do ministro recebeu elogios de importantes nomes do Congresso, como do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Até mesmo Paulo Guedes demonstrou satisfação com ações tomadas por Fernando.

O chefe da Fazenda queria apresentar a nova âncora já neste mês, mas Lula falou em alto e bom som que o tema só será tratado publicamente em abril, quando ele voltar dos Emirados Árabes. Foi um golpe contra Haddad, encolhendo-o.

Outro fato de desprestígio foi o período de espera dele para se reunir com o ministro da Casa Civil Rui Costa (PT). Ele esperou 45 minutos e, como o ex-governador da Bahia não chegou, resolveu ir embora e deixou alguns integrantes da sua pasta para conversar sobre o arcabouço.

Costa é visto como um possível sucessor de Lula, assim como Haddad. Neste momento, Gleisi Hoffmann e seu grupo – Aloizio Mercadante faz parte da ala da presidente do PT – preferem o perfil do ex-mandatário do estado baiano.

A visão econômica do ex-prefeito de São Paulo não agrada o núcleo duro do Partido dos Trabalhadores. Ao longo da sua trajetória política, Haddad só alcançou grande influência na legenda por causa de Lula.

Só que agora o presidente não parece muito satisfeito com as decisões do ministro da Fazenda. Ao dar poder para Rui Costa, Lula tem repetido o processo que ocorreu com Marina Silva (Rede) em 2008, quando ficou ao lado da classe política ao invés de um ministro técnico.

E o Haddad?

O ministro não vai reclamar publicamente, seguirá trabalhando e negociará com o Congresso. Bem avaliado pelos parlamentares, Haddad buscará apoio de deputados e senadores para colocar a ala política do PT contra a parede.

Há poucas semanas, Haddad convenceu Lula sobre a necessidade de voltar a cobrar impostos sobre os combustíveis. Ele derrotou Gleisi e sua turma, demonstrando seu poder de articulação.

O ministro quer seguir o mesmo caminho e mostrar que tem muito mais habilidade política do que outros caciques petistas.


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