O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já deu a letra e tenta descolar sua imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dentro do Palácio dos Bandeirantes. Embora se mostre grato ao ex-chefe, Tarcísio quer evitar desgaste em sua imagem após os ataques de 8 de janeiro e as investigações que correm na Justiça contra Bolsonaro.
Nesta terça-feira (14) mais um passo foi dado. O governador escolheu o deputado Jorge Wilson (Republicanos) para comandar a liderança do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
A notícia não correu bem no corredor bolsonarista na Alesp. Nas eleições, o então candidato prometeu dar o cargo a Altair Moraes (Republicanos), parlamentar ligado ao bolsonarismo e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Interlocutores informaram que Moraes pediu mais tempo ao Palácio do Bandeirantes para analisar a proposta, enquanto Tarcísio era pressionado por seus pares para apresentar acenos ao Centro.
Deputados alinhados ao bolsonarismo viram a ação de Tarcísio como mais uma ‘traição’, mas aliados ouvidos pela coluna acreditam que o governador pode recuar e manter a posição de apoio a base de Bolsonaro. Os deputados esperam ter bom trânsito no Palácio dos Bandeirantes para manter apoio às pautas de Freitas.
Uma coisa é certa: Tarcísio é pressionado para deixar o bolsonarismo de lado. Embora tenha pares e pessoas próximas ao ex-presidente em seus quadros de assessores e secretários, o governador não se mostra um bolsonarista de primeira ordem.
Ele até se colocou à disposição de Lula para debater temas de interesse do estado e chegou a se encontrar com o petista ao menos duas vezes no Palácio do Planalto. As reuniões provocaram revolta em Bolsonaro, que chamou o ex-aliado de ‘traidor’.
Foi o próprio governador, após eleito, o primeiro a reconhecer a vitória de Lula na disputa presidencial. Ele ainda fez diversas defesas à democracia e às urnas eletrônicas.
Os encontros com Lula foram intermediados por Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário de governo de Tarcísio. Kassab é aliado do petista no âmbito nacional e pressiona uma aproximação de Freitas ao governo federal.
Tarcísio de Freitas, porém, quer controlar os acenos. Mesmo que não queira associar a sua imagem ao bolsonarismo ferrenho, o governador acredita que precisará da base aliada do ex-presidente para manter o governo em alta com a Alesp e seus eleitores.