Segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher sofreu violência a cada 7 minutos no Brasil, e uma foi assassinada a cada 7 horas. Apenas em 2021, o país registrou 56 mil estupros e 1,3 mil casos de feminicídio. Os números de registros de crimes contra meninas e mulheres apresentados evidenciam o quadro de violência vivenciado por elas durante a pandemia. Apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia da Covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável.
Foi registrado também que 37,5% das vítimas de feminicídio são brancas e 62% são negras. Somos uma das nações que mais matam mulheres por serem mulheres, sendo negras as principais vítimas, tanto da violência, quanto da exclusão social no mercado de trabalho, destacando que durante a pandemia essas foram as primeiras a perderem seus empregos.
Infelizmente, muitas mulheres nem sequer sabem que estão sofrendo violência, elas acreditam que exista agressão apenas a forma física. A Lei Maria da Penha, um dos mais importantes marcos normativos que prevê a violência contra a mulher, a qual completou 16 anos em agosto, configura “violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.
Não basta apenas incentivar a denúncia, é preciso investir em políticas públicas de acolhimento para essas vítimas e suas famílias. Fortalecer a rede de proteção e oferecer mecanismos acessíveis para que elas consigam sair do ciclo de violência, a grande maioria depende economicamente de seus agressores. É necessário capacitar e qualificar essas mulheres para o mercado de trabalho, e assim oferecer condições para sua independência financeira.
O começo de tudo está na educação, tanto a ofertada nas escolas, como pela família. É preciso mostrar para as crianças que igualdade é um direito, enfraquecer o machismo e ensinar que violência contra a mulher é crime. Outra importante ação é garantir a ocupação dos espaços públicos de poder e decisão por mulheres, investindo em políticas publicas eficazes, e não apenas de cunho eleitoreiro.
Lugar de mulher é onde ela quiser. É uma luta diária, e desistir não é uma opção. Não se trata de segmentar assuntos. Se trata de atender as questões básicas para o desenvolvimento de uma sociedade livre, justa e solidária.