O “novo” PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo Lula reforça o parentesco de Lula 3 com Dilma 2. Ele surgiu no (des)governo Dilma no contexto da Nova Matriz Econômica em que se buscou reescrever a teoria econômica tradicional. Esta senhora idosa conhece bem o que funciona e o que não funciona em matéria de economia. Mas Lula nos informou que os livros de economia estão ultrapassados. E lá vai ele qual um Dom Quixote acompanhado de sua não tão fiel escudeira Dilma ao som do poc-poc do cavalo pangaré que lhe serve de montaria.
O falecido ministro Mario Henrique Simonsen, lá de outro plano, deve estar apreensivo diante da reedição daquele velho filme em que vários planos de controle da inflação deram errado na década de 1980 e início da de 1990. Simonsen ironizava a “criatividade” brasileira em fazer a mesmíssima coisa rezando para que o resultado fosse diferente. Não era. Mas, felizmente, o país dispunha de um grupo seleto de economistas que concebeu um plano realmente novo, inspirado na experiência israelense, que funcionou.
Diferentemente do que ocorreu na época do Plano Real, a equipe atual é aquela velha de guerras perdidas no passado. Nada parecida com o grupo que garantiu o êxito do Plano Real. É mais da mesma coisa criticada por Simonsen no passado. A tradição da república brasileira de marchar em passo diferente do resto do mundo é tristemente famosa em matéria de levar quase uma geração para resolver os problemas gigantescos com que o País se defronta, e se defrontou, no passado. E não mudou muito.
Ao ser anunciado o “novo” PAC de Lula, o Secretário de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, André Ceciliano, deu bem a medida da equipe que vai tocar o “novo” PAC. Disse ele: “Tudo é prioritário, porque os governadores estão há quatro anos sem parceria com o governo federal”. A frase é duplamente incompetente. Quem diz que tudo é prioritário não tem prioridades claramente definidas.
Ao acrescentar que os governadores estão há quatro anos sem parceria com o governo federal vai na linha de negar tudo que foi feito pelo antecessor. Quem já teve oportunidade de ouvir o ex-ministro Paulo Guedes abordando a questão das transferências de vultosos recursos federais para os estados ao longo da pandemia sabe perfeitamente que ela se fez presente na pior das horas. E sabe também que houve casos de governadores que os aplicaram de modo questionável e nada republicano.
O PAC de Dilma mal atingiu 30% do projetado. Houve muito marketing e muito pouco em matéria de realizações. O programa atual exigirá recursos que o governo federal não tem no momento e dificilmente terá no futuro. Exigiria uma significativa elevação da arrecadação federal. O clima reinante na economia não é de confiança no governo federal. Paira no ar a sensação de cópia mal-feita que não levou em conta a lição do anterior. O ritmo lento do poc-poc do pangaré parece que vai comandar o dito novo PAC.