Em junho de 2025, há poucos meses portanto, a polícia carioca, e de modo mais específico o BOPE, a força de elite da polícia militar fluminense, fez uma mega-operação no Complexo da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro.

Na ocasião, 400 criminosos se refugiaram na mata próxima à favela. Muito embora o BOPE pudesse enfrentá-los, não o fez justamente para evitar o que teria sido um banho de sangue, e esses criminosos acabaram fugindo.

Essa ação na Rocinha já havia revelado um dado curioso: ao menos 110 criminosos eram do Comando Vermelho do Ceará, hospedados em duas mansões e alojamentos locais. Para a Operação Contenção, nos Complexos da Penha e do Alemão, o tratamento dispensado pela polícia fluminense, contudo, foi outro.

A polícia se organizou e planejou cada passo por 60 dias, agiu aparentemente como sempre fez, invadindo as comunidades pela entrada principal, porém, com isso forçou os criminosos a buscarem refúgio na área de mata que separa os dois complexos e ali esses criminosos encontrara o que foi chamado de “Muro do Bope”.

Com apenas duas opções, entregar-se ou enfrentar a polícia, muitos dos criminosos fizeram a segunda opção – vários outros se entregaram, o que, somando-se aos capturados antes do combate, totalizaram 100 indivíduos – e o resultado todos vimos: 121 mortos.

Desse total de mortos, e segundo dados da Secretaria de Justiça do RJ, 109 já foram identificados, sendo 78 com histórico de crimes graves e 42 tinham mandado de prisão contra si. Ilustrando a ideia de “franquia do crime” adotado pelo CV, entre os identificados, 54 são de outros estados (15 do Pará, 9 do Amazonas, 11 da Bahia, 4 do Ceará, 7 de Goiás, 4 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso, 1 de São Paulo e 2 da Paraíba), comprovando que os Complexos da Penha e do Alemão passaram a ser uma espécie de QG do Comando Vermelho em nível nacional.

Isso tudo nos leva a uma conclusão, mesmo que parcial, inspirados numa expressão cunhada pelo ex-comandante do BOPE, Rodrigo Pimentel: a operação realizada nos Complexos do Alemão e da Penha não foi uma operação policial, mas uma “operação de guerra”.

De fato, em que outro grande centro urbano a polícia, uma força de segurança oficial, estatal, se vê obrigada a combater ao menos 121 criminosos fortemente armados, portando fuzis, pistolas, granadas, bombas, usando fardamento camuflado?

A polícia chegou a ser atacada por drones que não apenas lançavam bombas sobre as viaturas policiais, mas antecipavam as suas ações. Atualmente, só se tem notícia de algo similar advindo de uma guerra, justamente a que envolve Ucrania e Rússia, o que dá bem o tom da dramática e extrema situação observada no RJ.

E, dessa vez, nem mesmo se poderá acusar o Estado de ter matado inocentes, porque 100% dos vitimados eram envolvidos com o crime organizado. Além disso, 4 policiais foram mortos em ação ou combate.

    Comentários
    Clique aqui e deixe seu comentário!
    Mais Recentes