POR QUEM OS SINOS DOBRAM?
Wikimedia Commons

Dentro do contexto da violência urbana, que nos dedicamos a analisar aqui, de modo especial a sua dinâmica, não poderíamos deixar de mencionar a migração da criminalidade urbana, destacando-se os homicídios, do eixo Rio-São Paulo para outras regiões do país, especialmente as capitais do Norte-Nordeste, mas também o interior dessas regiões.

Essa migração é fortemente impulsionada pela movimentação das facções criminosas em busca de novos mercados para as suas ações, mas também para escapar da ação das polícias do Sudeste, mais aparelhadas, equipadas e experientes no combate a esse crime organizado.

Como consequência, o Nordeste tem registrado um aumento significativo nos homicídios, que agora se concentram em estados como Bahia, Pernambuco e Ceará, e em cidades com altas taxas de criminalidade.

Além da expansão do tráfico, fatores como conflitos armados, mercados ilegais de drogas e armas, e a expansão desses grupos para o interior do nordeste também contribuem para a alta violência na região. 

A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, para o ano de 2024, é de 33,8 para o Nordeste e 27,7 para o Norte, contrastando com 13,3 do Sudeste 14,6 do Sul. Dos cinco estados mais violentos do país, 4 são do Nordeste e um do Norte: Amapá: 45,1; Bahia: 40,6; Ceará: 37,5; Pernambuco: 36,2 e; Alagoas: 35,4.

Mas o Brasil é muito grande e possui realidades bastante particularizadas. Isso fica claro quando olhamos para as cidades mais violentas e é aí que os números impactam ainda mais. As 10 cidades mais violentas do país estão todas localizadas no Nordeste e trazem números brutais no tocante à taxa de homicídios por 100 mil habitantes. Vejamos:

Maranguape (CE): 79,9; Jequié (BA): 77,6; Juazeiro (BA): 76,2; Camaçari (BA): 74,8; Cabo de Santo Agostinho (PE): 73,3; São Lourenço da Mata (PE): 73,0; Simões Filho (BA): 71,4; Caucaia (CE): 68,7; Maracanaú (CE): 68,5; Feira de Santana (BA).

E aí surge um fenômeno sui generis para o crime organizado brasileiro. Se o Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a organização criminosa mais rica e poderosa do país tem uma estrutura muito similar a uma empresa, com rígida hierarquia e foco nos negócios, o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, inovou e criou uma espécie de “franquia do crime”.

Justamente sobre isso trataremos no próximo texto: como o Rio de Janeiro se tornou uma espécie de “escola de formação de criminosos” e o que isso tem a ver com a Operação Contenção.

    Comentários
    Clique aqui e deixe seu comentário!
    Mais Recentes