
Em política, eleger um culpado para as próprias falhas é tão ou mais comum do que vemos cotidianamente na vida das pessoas em sociedade. Há mesmo quem diga ser uma característica ou pelo menos uma tendência do ser humano.
Pode ser. Mas em política é mais do que isso, é uma ferramenta que pode construir, destruir, distorcer e confundir fatos, imagens, pessoas, situações, circunstâncias.
Como boa parte da política é comunicação, logo se vê que a construção de narrativas que culpem terceiros pode ser bem útil para quem lança mão de tal estratagema.
Em 2014, plena campanha eleitoral presidencial, Luis Inácio Lula da Silva, nosso atual mandatário, colocou em marcha a política do "nós x eles" que, no caso, era "pobres x ricos" e "nordestinos x sulistas". Difícil saber se foi isso que determinou a vitória de Dilma, a candidata de Lula. Mas algum peso deve ter havido.
Agora, 2025, o prato é requentado, mudando apenas as circunstâncias. Com uma máquina pesada e ineficiente, o Estado brasileiro custa caro, muito caro e, ainda pior, com apetite cada vez maior, ao menos se nos basearmos no governo atual.
Como Lula se nega a reduzir um único real de gasto público em seu governo, sua única saída ante o guloso Estado que dirige é criar novas fontes de receita o que basicamente significa maior carga tributária sobre os ombros da sociedade.
Como o Congresso está a oferecer resistência a essas pretensões governamentais, é taxado pelo presidente e seus apoiadores de "inimigo do povo" e outros qualificativos de natureza similar. O governo, assim, quer jogar a população contra o parlamento.
É um jogo perigoso e por algumas razões. Primeiro, o relacionamento entre governo e Congresso não anda bem e a postura do Executivo só piora a situação. Segundo, o apoio popular ao governo passa longe do final dos primeiros dois mandatos de Lula, quando saiu com 85% de aprovação. Ao contrário, o presidente hoje tem de lidar com altos índices de reprovação popular.
Terceiro, o que o governo deveria fazer ele não faz: implementar um plano sério, consistente, racional e disciplinado de corte de gastos. Não faz e nada indica que fará. E por que isso ocorre?
A resposta é simples: Lula e o PT precisam de recursos públicos para manter os programas sociais bem azeitados, e não por seus méritos, mas porque fidelizam seus beneficiários, garantindo votos em 2026.
Resta saber como o governo chegará em outubro de 2026. A conferir.