
Um condenado em fuga é uma imagem clássica dos filmes. Há inclusive um filme bem conhecido, com Harrison Ford e Tommy Lee Jones, exatamente sobre isso: " O Fugitivo ". Ford interpreta o médico condenado por matar a sua esposa, mas quem matou foi outra pessoa. Passa o filme tentando provar a sua inocência.
Na vida real, porém, a situação é, ou pode ser, bem diferente. Carla Zambelli, deputada federal, foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por ter tentado inserir no sistema do TSE documento falso com veiculação de notícia igualmente falsa. Se para qualquer pessoa é conduta grave, para uma deputada é gravíssima.
Avaliando como certo o seu aprisionamento, Zambelli resolveu cair na estrada e sair do país. Cometeu crime ao agir assim? Não porque sua condenação não previa retenção de passaporte, ela, portanto, estava livre para viajar para onde quisesse. Mas o movimento chamou a atenção da PGR que pediu a sua prisão preventiva. O STF, por meio do ministro Alexandre de Moraes, acolheu o pedido.
A deputada, agora em fuga digamos oficial ou assumida, foi buscar guarida na Itália, eis que possui cidadania italiana. A parlamentar tem dois elementos a seu favor: o governo atual da Itália é de direita e tende a acolhê-la e ela poderá construir a narrativa de que cometeu um crime político, algo capaz de inviabilizar sua extradição ao Brasil.
Seja como for, é algo que joga mais lenha na fogueira da disputa esquerda-direita no Brasil, numa clara antesala das eleições de 2026. Mesmo que Zambelli seja bem sucedida em seu projeto de exílio e não seja extraditada, politicamente será "carta fora do baralho", o que enfraquece não somente a ela, mas todo o seu grupo político.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG