Lula discursa no Congresso Nacional durante aprovação da reforma tributária em 20 de dezembro de 2023
Ricardo Stuckert
Lula discursa no Congresso Nacional durante aprovação da reforma tributária em 20 de dezembro de 2023


No âmbito da  reforma tributária, os medicamentos ficam isentos ou terão alíquota reduzida. Existem listas de remédios isentos e com redução de 60% na alíquota, como os de uso pessoal. A isenção vale para aqueles que precisam de receita médica para venda.

Isso também vale para dispositivos médicos e de acessibilidade para Pessoas com Deficiência (PCD). O prazo para a revisão destas listas caiu de um ano para quatro meses.

Já falamos sobre o cashback, um sistema de devolução de valores pagos como tributo. As regras de devolução dos impostos valerão a partir de janeiro de 2027 para a CBS e a partir de 2029 para o IBS. Como funcionará? 100% para a CBS e de 20% para o IBS, na aquisição do botijão de 13kg de gás liquefeito de petróleo (GLP); 100% de CBS e 20% de IBS em operações de fornecimento de energia elétrica, água, esgoto e gás natural; de 20% para a CBS e para o IBS, nos demais casos, exceto para produtos com incidência de imposto seletivo (prejudiciais à saúde e ao meio ambiente).

O texto aprovado na Câmara prevê que serviços periódicos, como energia elétrica, água e esgoto e gás natural, terão o valor de devolução concedido diretamente na conta. Em outros casos, o governo se compromete em transferir o cashback aos bancos em até 15 dias após a apuração. Caberá à instituição financeira o repasse em 10 dias.

A reforma também tratou de alguns fundos e do produtor rural. Assim, com a reforma, os fundos de investimento imobiliário e Fiagro (fundo da agroindústria) poderão optar por contribuir do IBS e da CBS em troca de créditos em suas aquisições.

O produtor rural integrado a uma cadeia produtiva com faturamento anual de menor de R$ 3,6 milhões não era considerado contribuinte de IBS e CBS. Agora, não há mais esse limite e o produtor poderá optar em ser ou não contribuinte dos novos tributos.

Outro ramo afetado é o da construção civil que agora entra num regime diferenciado, havendo redução de alíquotas de operações com bens imóveis de 40%, e de aluguéis, de 60%. O redutor social, que antes era de apenas R$ 100 mil para a aquisição de imóveis residenciais, também será aplicado à aquisição de lotes em R$ 30 mil. Para aluguéis, o redutor será de R$ 400.

Dentro da ideia de regime diferenciado, também os bares e restaurantes terão um tratamento específico, e agora poderão também ter créditos de IBS e CBS, bem como poderão excluir os custos com serviços de delivery. Antes, o texto mencionava apenas as gorjetas.

A aviação regional também foi contemplada na reforma, com um sistema particular de tributação, com redução de alíquota de 40%, contudo, vai beneficiar apenas as rotas com até 600 assentos.

Uma das maiores críticas à reforma é o seu rol por demais extensos de isenções. De todo modo, parte das MEIs terá isenção. De acordo com a nova proposta, não terão que ser contribuintes de IBS e CBS a categoria classificada como nanoempreendedores, que são os com faturamento de até R$ 40,5 mil por ano — valor referente à metade do faturamento limite de um MEI (microempreendedor individual).

Na mesma linha, os produtos de higiene menstrual passam agora, com a reforma, a ter uma redução de 60% nos impostos. Também o imposto seletivo (IS) incidirá sobre jogos de azar. A taxa já estava prevista para carros, embarcações e aeronaves, cigarros, bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas e minerais extraídos, e foi mantida apesar de pressões por parte das empresas. 

Foram incluídos na proposta ainda os jogos de azar, para ambiente virtuais ou não, e também "fantasy games", que seriam disputas em ambiente virtual a partir do desempenho de atletas reais. A lista de produtos taxados será revista a cada cinco anos.

Por fim, a inclusão de armas e munições no Imposto Seletivo foi rejeitada. A proposta apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) foi rejeita por 316 deputados. Na votação da emenda constitucional da reforma tributária, 293 deputados foram favoráveis à entrada das armas no regime, mas o total necessário exigia o apoio de ao menos 308 parlamentares.

Para quem quiser acessar mais material meu e de outros pesquisadores, deixo aqui o  link do Instituto Convicção, do qual faço parte.

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