Já ouviu falar no termo “ woke” ? É uma palavra inglesa, o tempo passado do verbo acordar. Woke, portanto, significa “acordei” ou “despertei”. Recentemente, alguns anos para cá, o termo ganhou significados bem mais amplos do que o simples tempo passado de um verbo. Na linguagem popular norte-americana, ser ou estar woke pode indicar com quais posturas políticas a pessoa mais se identifica.
O termo woke teria sido criado ou proposto pelo escritor William Melvin Kelley que publicou, em 1962, um livro intitulado "If You're Woke, You Dig It" (Se você estiver acordado, entenderá). Os negros norte-americanos, então, passaram, tempos depois, a se utilizar do termo para expressar "estar alerta para a injustiça racial".
Inclusive, o movimento norte-americano Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) de igual modo se utilizou e se utiliza dessa expressão. Em 2017, o dicionário inglês Oxford inseriu o verbete woke em sua lista de palavras e expressões, atribuindo-lhe o significado de "estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo".
Aparentemente, seria algo positivo, certo? Nem tanto. E, na verdade, trata-se de algo muito dependente da pessoa a quem se dirige a pergunta sobre a positividade ou não do termo. De um modo geral, os entusiastas do woke vêem aí a congregação de interesses progressistas legítimos, com defesa veemente de minorias, negros, mulheres, comunidade LGBTQIA+.
Desse modo, para algumas pessoas, ser woke é ter consciência social e racial, questionando paradigmas e normas opressoras impostas pela sociedade, de modo especial numa análise histórica. Já para outros, o termo descreve pessoas e entidades hipócritas, defensoras de uma moralidade supostamente superior e a elas exclusiva e, ainda mais, tentariam impor essas ideias progressistas a toda a sociedade.
Dentro dessa defesa do que se poderia nomear de “valores woke”, há adoção de métodos extremamente controvertidos como o policiamento da linguagem – parte integrante do chamado “politicamente correto” – de modo destacado em relação a expressões e ideias consideradas misóginas, homofóbicas ou racistas.
Ainda como método de manifestação, ao lado do policiamento acima indicado, e até como um elemento integrante seu, encontra-se o chamado "cancelamento" em que seus alvos, pessoas defensoras de ideias consideradas como intoleráveis pelos adeptos do “woke”, são de algum modo perseguidas, seja para serem demitidas, não contratadas ou terem seus canais na internet, por exemplo, impedidos de funcionar.
Os “canceladores” veem nesta ação algo legítimo, uma forma de protesto não violento apto a “empoderar” grupos sociais historicamente marginalizados, visando ainda “corrigir comportamentos” que, antes dessas ações, não recebiam qualquer punição.
No Brasil, tivemos um exemplo bastante marcante de cancelamento. Em 2021, o jogador de vôlei do Minas Tênis, Maurício Souza, fez um comentário considerado ofensivo aos gays e comunidade LGBTQIA+. O atleta, também apoiador do então presidente Jair Bolsonaro, teve seu contrato rescindido unilateralmente pelo clube mineiro após publicações em mídias sociais e muita pressão dos que se sentiram ofendidos.
Quais, portanto, são os limites do woke e seus adeptos? Veremos...
Para quem quiser acessar mais material meu e de outros pesquisadores, deixo aqui o link do Instituto Convicção, do qual faço parte.