Em conversa com um colega gringo, ele me disse “São Paulo não é bonita, isso esconde seu dinamismo espetacular”. Por um lado, algumas das melhores faculdades, serviços de saúde, restaurantes, museus, baladas, empregos e oportunidades de negócio. Por outro, o lindo verde cedeu seu espaço para um selva de pedras, poluição, engarrafamentos, transporte público caótico, insegurança. Podemos ficar com o bom e dizer adeus para o ruim? Nestas eleições você terá a oportunidade de mudar o futuro da cidade. Por isso, não vote no menos pior. Ao menos, não no primeiro turno.
Infelizmente, os problemas da cidade de São Paulo não são solúveis. Qualquer candidato a prefeito que diga algo diferente quer lhe enganar para receber seu voto. Não é possível consertar algo tão imenso, que teve suas fundações mal construídas. Seja pela priorização dos automóveis nos anos 50 do século XX, que originou a poluição do ar e sonora e a redução do espaço de pedestres e ciclistas. Ou pela destruição do meio ambiente, a falta de planejamento habitacional que levou a inúmeras construções ilegais, sem infraestrutura adequada como saneamento básico, transporte público e áreas de lazer facilitando as condições para o desenvolvimento do crime; ou ainda um sistema de saúde e educação precário que criaram um ciclo vicioso.
Para finalizar, as oportunidades de emprego trouxeram migrantes também de forma desorganizada, o que traz dificuldades para qualquer gestor público. Ao endereçar o problema da população carente, se aumenta o incentivo para que outros se mudem para São Paulo, uma vez que poucas cidades conseguem fornecer as condições aqui presentes.
Então, se não dá para resolver, podemos ao menos melhorar, mas como? A matemática traz uma série de ferramentas que lidam em decompor problemas complexos em unidades mais simples. Um destes algoritmos é conhecido como “dividir e conquistar”. Usando este método para São Paulo podemos entender rapidamente que a forma de evoluir a cidade passa inexoravelmente pela divisão de São Paulo, como por exemplo subprefeituras ou prefeituras regionais.
Gerir e aprimorar uma sub-cidade de 400 mil habitantes é mais simples do que uma cidade de 12 milhões de habitantes que cresce todo ano. Para isso precisamos dividir São Paulo em 30 regiões. Apesar do termo existir, questiono o nível de autonomia que cada unidade desta recebe. Primeiramente, os líderes de cada região deveriam ser eleitos, o que não acontece. Segundo, devem ter orçamento e metas claramente definidas e sua execução medida, o que também não acontece.
Quero oferecer uma ideia provocativa: a população de subprefeituras deve ter o poder de escolher por uma gestão pública ou privada. Caso uma subprefeitura-privada esteja performando bem, a empresa poderá eventualmente ser contratada por outras, aumentando sua receita e lucro. Porém, se os cidadãos não estiverem satisfeitos, a empresa poderá perder o seu grande cliente para outra gestora ou de volta à gestão pública. Nenhuma empresa quer perder 400 mil clientes!
Seguindo a mesma linha, precisamos organizar prédios individuais em condomínios. Zonas mais ricas terão naturalmente menos pessoas por m², em comparação com áreas mais humildes com maior densidade. Mas este modelo, sob gestão dos condôminos, poderá se organizar para ter seu supermercado, serviços médicos, educação, prédio comercial, farmácia, feita de forma que desincentivem o uso do transporte privado.
O segredo para reduzir os tipos de poluição na cidade, os engarrafamentos e melhorar a segurança reside em criar pequenos bairros ou super condomínios que tenham os serviços que a população local precise, minimizando o deslocamento privado ou público. Isso também melhoraria a vida da prefeitura e subprefeitura, pois é mais fácil, por exemplo, gerir cinco mil condomínios do que cinquenta mil prédios.
A divisão da cidade em unidades autônomas com ajuda da prefeitura para coordenação entre as regiões irá permitir criar diferentes experimentos. Alguns irão dar certo enquanto outros irão fracassar. O sucesso reverterá em aumento no aluguel e no valor do imóvel, o que traz um incentivo para o grupo tentar fazer seu melhor. O contrário resulta na eventual substituição da gestão e a tentativa de outro experimento, possivelmente copiando o que deu certo em outro local - ao longo do tempo temos um mecanismo de melhoria contínua por tentativa e erro, em contraste com o modelo atual onde o conhecimento se dispersa em sua imensidão e complexidade.
Outro benefício neste modelo é manter e desenvolver aspectos culturais da região. Por que tantas pessoas visitam a Liberdade? Mas o poder decisório de pessoas que não vivem o ambiente, leva a decisões sem conhecimento dos anseios da população local. Tratamos regiões diferentes como iguais e assim perdemos suas características especiais.
O modelo de supercidade como o de São Paulo dificulta a participação ativa dos cidadãos na gestão pública, burocratiza e complica decisões que poderiam ser simples. A célebre frase “It takes a village”, que sugere a necessidade de uma comunidade unida para criar uma criança de forma saudável, enfatiza a importância de conhecer e se relacionar com os vizinhos. Esse modelo ideal promove um ambiente onde as crianças podem brincar na rua, visitar as casas umas das outras com segurança e crescer em um contexto de apoio mútuo.
O modelo atual de São Paulo é frio, individualista e incapaz de enfrentar os desafios presentes e futuros da cidade. Apoie um prefeito que tenha a coragem de defender esta visão publicamente e que possua um histórico comprovado de capacidade para implementá-la com urgência. Vote pelo projeto 'São Paulo 30+'. Vamos mudar São Paulo - para melhor!