Os riscos da ressignificação das palavras
Imagem gerada por IA
Os riscos da ressignificação das palavras



Palavras mudam com o tempo em um processo natural da sociedade. Por exemplo, a palavra "foco" possui uma etimologia rica e fascinante, originando-se do grego antigo "héstia", que se referia à deusa do lar e da lareira. Na Grécia Antiga, a lareira era o centro da vida familiar, um local de calor, luz e união. A deusa Héstia personificava essas qualidades, sendo considerada a guardiã da família. 

A tradução do termo "héstia" para o latim é a palavra "focus", que mantinha a associação com o fogo e a lareira. Com o tempo, o significado de "foco" se expandiu para além do âmbito físico. No século XVI, a palavra passou a ser utilizada para se referir ao ponto de convergência de raios de luz ou calor. No século XIX, "foco" ganhou o sentido de centro de atenção ou interesse, como em "não perca o foco".

Porém, nem todas as ressignificações de palavras são benevolentes, especialmente quando essas vem com intuito político e muitas vezes oculto. Este é o caso do movimento woke, que quer criar uma disrupção social com sérios precedentes ou sem clara responsabilidade sobre suas consequências, abstraída em conceitos genéricos de justiça e igualdade social. 

Palavras como “branco”, “escravo” e “mulher” que foram ressignificadas para “opressor”, “negro” e “qualquer um que se definir como mulher inclusive homens biológicos”. São re-definições simplistas, generalistas que ignoram possíveis impactos negativos na sociedade e a verdade como valor primordial de uma sociedade liberal.

Vamos começar com os brancos. É ridículo imaginar que temos que explicar que branco não é sinônimo de poder e maldade, que infelizmente se trata de características da natureza humana que independem da cor de sua pele. 

De fato, a revolução industrial deu certa vantagem para os europeus e eventualmente americanos por um tempo, mas um contexto histórico nos aponta para Mesopotâmia, China, Mongólia, Pérsia, Japão, Macedônia que em diferentes tempos foram os impérios predominantes que oprimiam povos conquistados.  O eixo de poder americano-europeu já começou um processo migratório para China e Índia que correspondem a mais de um terço da população mundial. 

Referente aos escravos, o Reino Unido foi pioneiro na luta contra o comércio transatlântico de negros com a aprovação do Ato para a Abolição do Comércio de Escravos em 1807, em todo o Império Britânico e, posteriormente, usando sua influência naval para pressionar outros países a fazerem o mesmo.

Por que dedicar tanta energia e atenção aos 15 milhões de pessoas escravizadas durante os séculos XVI ao XIX, quando nos dias de hoje,  século XXI, estima-se que 50 milhões de pessoas ainda vivem nessas condições? Não deveria este ser o debate social atual? Quem precisa de mais suporte; minorias livres em países liberais, democráticos e meritocráticos ou vítimas de trabalho forçado, de tráfico de pessoas, prostituição coerciva, casamentos forçados e escravidão por dívidas - que  como sempre, abrangem todas as variedades raciais? 

Por último, as mulheres. Se um homem por qualquer razão se sente mulher, ele merece ser respeitado por ser humano, mas isso é diferente de dizer que a sociedade mundial deve mudar uma definição biológica para supostamente lhe agradar. Considerar que a crença em uma definição científica o torna homofóbico ou intolerante não é razoavel. Como também não é permitir a sua competição em esporte femininos, quando ignoram as vantagens masculinas em massa muscular, níveis de testosterona, hemoglobina, densidade óssea e tamanho do pulmão. 

A ameaça à liberdade de expressão através da cultura do cancelamento é feita por um movimento online que visa punir as pessoas por erros ou comportamentos considerados inaceitáveis. Eles agem de diversas formas, com boicotes, ataques nas redes sociais e até mesmo fazem pedidos de demissão. Tentam calar pessoas com opiniões diferentes, como ocorreu  com J.K Rowlings (autora de Harry Potter), Jordan Peterson (psicólogo canadense) e Douglas Murray (jornalista). Violência e covardia de pessoas que se escondem atrás do anonimato, plataformas digitais e robôs virtuais ao mesmo tempo que fogem do  verdadeiro debate intelectual em prol da sociedade; um senso de superioridade moral que os livra do ônus da prova.  

Nos dias de hoje, diante dos enormes desafios que o oeste vem sofrendo com esta ameaça auto-imune, anti-crítica e iliberal denominada woke, precisamos de foco. Foco para voltar a valorizar o conceito familiar, foco para lutar contra insanidade de definições políticas de palavras, foco para resgatar os valores do oeste da liberdade individual, igualdade perante a lei,  democracia, livre mercado, secularismo político e limitação do poder do estado. Não perca o foco! Temos tudo a perder. 

Correções:  Na versão original deste artigo dizia que ‘héstia evolui para o latim focus’ quando o correto é que focus é a tradução do latim. Obrigado Alan Meller pela correção!

No artigo original: "Este é o caso do movimento woke, que quer criar uma disrupção social sem precedentes ou responsabilidade sobre suas consequências" corrigimos para “com sérios precedentes… sem clara responsabilidade” para ficar mais preciso.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!