Sérgio Moro (União Brasil) não gostou nada da entrevista que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu ao "Roda Viva" na noite da última segunda-feira (8). Além de reclamar nas redes sociais, o ex-juiz da Lava Jato estaria articulando protocolar um pedido de impeachment contra o magistrado e busca apoio de outros senadores.
Segundo apurou a coluna, Moro considera que Gilmar Mendes teria passado do ponto durante a entrevista e o que ele classificou como ataques a Lava Jato teriam sido direcionadas ao próprio ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL). "O senador ficou muito bravo porque se sentiu ofendido em sua honra e não vai deixar que um ministro do STF fale essas coisas sem provas", argumentou um aliado.
Enquanto o "Roda Viva" ainda estava no ar, o senador estava em contato com aliados do Senado e foi aventada a possibilidade de se protocolar um pedido de impeachment contra Mendes. "O que pesa contra é que o ministro é muito bem articulado na classe política e dificilmente o pedido sequer seria lido", continua a fonte ouvida pela coluna.
Outros senadores, no entanto, incentivaram Moro a manter o pedido como uma forma de recado de que a classe política também precisa ser respeitada pelo STF. "Os ministros passaram a falar o que querem sobre políticos, como se fossem mais importantes. Os eleitos pelo povo somos nós e não eles", chegou a escrever um senador na conversa com Moro.
O martelo ainda não foi batido e existe o temor de que a atitude pareça uma espécie de tentativa de censurar ou controlar o Poder Judicário, algo que o próprio Moro sempre afirmou combater. Mas o senador já avisou pessoas próximas de que não vai ficar em silêncio enquanto alguns nomes do STF o atacam e pretende revidar. O clima é tenso porque Gilmar Mendes não parece disposto a uma trégua e o fim dessa guerra, para os principais atores políticos de Brasília, é imprevisível.