Daniel Cesar

Crise do União Brasil pode beneficiar Lula, avalia Lira

Com o partido rachado, a chance de parlamentares entrarem no blocão aumenta

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)
Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados - 29/03/2023
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)

Quem aposta que o racha no União Brasil vai prejudicar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode perder dinheiro. Se na teoria a crise numa das principais bancadas da Câmara e do Senado pode mostrar a fragilidade da base aliada do presidente, na prática o resultado deve ser o oposto. A avaliação de que mais parlamentares entrarão no blocão para apoiar a atual administrão é do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas).

Em um grupo de deputados, Lira deixou uma mensagem sobre o assunto. "O União rachado só beneficia nosso bloco", escreveu ele em trecho do texto ao qual a coluna teve acesso. Na visão do presidente da Câmara, sem as obrigações de um partido homogêneio, cada deputado irá negociar de forma individual para fazer parte do blocão e ser base de apoio a Lula.

O "blocão" é um termo criado pelo próprio líder do Legislativo e, na prática, é uma espécie de novo Centrão. O conceito é formar um grupo com várias legendas e que passará a ter até bancada própria numa união que funciona apenas dentro da Câmara. Lira tem dito a aliados que vai transformar o bloco no principal e assim conseguirá isolar o PL de Jair Bolsonaro, dando suporte para as pautas do presidente da república.

Na visão do deputado, com o União Brasil rachado, cada parlamentar terá menor poder de barganha e, assim, ele terá mais força para negociar a entrada desses nomes no blocão. A ideia de Lira é formar um grupo com centenas de parlamentares e continuar no controle das emendas impositivas, dessa vez focando em deputados de esquerda, plano do PT para enfraquecer Bolsonaro , conforme a coluna antecipou.

Embora Lula tenha aprovado o plano do presidente da Câmara, há ruídos na ideia. Isso porque, membros do PT não gostariam de ver Lira com tamanho poder e com a caneta na mão para decidir sobre as emendas impositivas. Neste momento, porém, o governo sabe que precisa ser conservador nas decisões e sentar-se à mesa de quem lhe dará os votos necessários para aprovar o arcabouço fiscal e a reforma tributária. E Lira é o nome, principalmente com nomes do União Brasil.